segunda-feira, 16 de abril de 2012

O lado bom do estresse



O processo não é apenas destruidor e desorganizador, ele também motiva e dá entusiamo para tarefas difíceis.

É comum ouvir colegas de trabalho e familiares falando como estão estressados. Para muitos essa resposta à tensão já é comum, mesmo que ela cause problemas de saúde. Só que nem todos sabem é que o estresse é como uma moeda. Não existe apenas o lado negativo, existe também uma fase positiva, capaz de motivar e ajudar a passar por situações difíceis.

“O estresse é todo um processo que eventualmente termina em algo ruim, mas é uma resposta adaptativa à presença de tensão e torna o ser humano mais preparado para a ação”, explica o coordenador do curso de Psicologia e professor de neurociências da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Naim Akel Filho. Quando o cérebro identifica uma situação excepcional, é comandada a liberação de adrenalina que mobiliza todo o organismo para enfrentar a urgência.

Essa resposta pode ser tanto positiva, chamada de “eustresse”, quanto negativa, o “distresse”. A reação fisiológica é semelhante, mas a grande diferença está nos reflexos emocionais. “Ambos deixam a frequência cardíaca mais rápida e provocam sudorese, mas o distresse causa dor e desconforto enquanto o eustresse causa alegria e satisfação”, conta Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR).

O estresse pode ser dividido em três fases. “A primeira é a fase de alerta, que causa essa motivação maior”, diz a psicóloga Carolina Borges, do Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS). Essa primeira resposta à tensão prepara para duas possíveis ações, a fuga e a luta, que são escolhidas de acordo com a situação.

O problema começa de verdade quando a pessoa não age. “Quando você inibe a ação, essa resposta adaptativa, que era saudável, fica destrutiva e desorganizada”, diz Akel Filho. A adrenalina que já havia sido liberada para ajudar na ação tem de ser combatida com outro hormônio, o cortisol. “Quando esse hormônio passa muito tempo na corrente sanguínea, ele causa um efeito lesivo sobre os neurônios.”

É nessa segunda fase, a de resistência, que surgem os primeiros reflexos na saúde. Dores de cabeça tensionais, problemas estomacais e pressão arterial alta são comuns. Um estudo da Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburgh, mostrou que o estresse afeta a capacidade do organismo de controlar inflamações, o que aumenta o risco de doenças.

A terceira e última fase é a de exaustão. “A pessoa fica esgotada e não consegue viver em harmonia interna. O enfrentamento fica mais difícil e a pessoa apática”, afirma a psicóloga Daniele Castilhos, da Amil Paraná.

E agora?

Veja algumas dicas de como lidar com o estresse:

- Liste os fatores de estresse da sua vida. Dessa forma, é possível ver quais são facilmente trabalhados e quais merecem maior atenção.

- Aprenda quais são os seus limites. Priorizar e gerenciar o tempo ajuda na hora de completar as tarefas.

- Equilibre seu estilo de vida. O trabalho não pode ser a única parte da sua vida. Guarde tempo para os relacionamentos, para ter um sono repousante, entre outros.

- Pratique atividade física. É uma boa forma de lidar com estresse, pois distrai e contribui no equilíbrio do estilo de vida.

- Tenha seu momento de relaxamento. Aproveite um tempo do dia para meditar e relaxar. Tente praticar a respiração abdominal (inspire o ar pelo nariz, infle o abdôme como um balão e expire) ao longo dia, não somente em situações de estresse.

Fonte: Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) e International Stress Management Association Brasil (ISMA-BR). Publicado no Jornal Gazeta do Povo em 16.04.2012.

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