quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Gafanhotos Demônios


 
GAFANHOTOS DEMÔNIOS – ANÁLISE À NATUREZA METAFÓRICA DA LINGUAGEM TEOLÓGICA
 
O gafanhoto é freqüentemente mencionado no Antigo Testamento, por causa de seus hábitos devastadores.

Usos figurados do gafanhoto:

a)    Grandes números, como os exércitos dos assírios. Naturalmente, temos aqui, igualmente, o poder destruidor de tais números (Is 33.4,5; Nm 3.15,17).

b)    Os julgamentos divinos usam as forças da natureza, ou literalmente, como no caso das pragas dos gafanhotos, ou mediante algum outro poder, simbolizados pelos gafanhotos (Jl 1.1,6,7; 2.2-9).

As pragas de gafanhotos eram algumas vezes interpretadas como visitações da indignação de Deus. Uma praga de gafanhotos foi um dos mais severos males que poderiam sobrevir ao  mundo antigo (Dt 28.38; Jl 2.1,12).

Dias especiais de oração, jejum e toque de trombeta foram prescritos para remover a praga (1 Rs 8.37; 2 Cr 6.28; Jl 2.1.11).

Qualquer estudioso da Bíblia Sagrada sabe, através de Comentários Bíblicos ou de Bíblias com versículos comentados sabe que a praga dos gafanhotos relatadas no livro do Profeta Joel capítulo primeiro era real, a ponto de cobrir a terra e devorar as colheitas. Joel previu a invasão do Norte pelos exércitos da Assíria e da Babilônia ao tipificá-lo como gafanhotos (Jl 2.20). Os teólogos, por sua vez, são unânimes em concordar que a praga dos gafanhotos foi apenas o prenúncio do Juízo Divino que acontecerá no Dia do Senhor, ainda que haja muita controvérsia entre eles para explicar essa expressão.

O “Dia do Senhor” é uma frase que aparece com freqüência no Antigo Testamento e no livro de Joel (2.1,11,31; 3.14). Ela sempre se refere a algum fato extraordinário, que pode acontecer no presente (como a praga dos gafanhotos), no futuro próximo (como a destruição de Jerusalém ou a derrota das nações inimigas) ou no período final da história quando Deus derrotará todas as forças do mal.

Mesmo quando o “Dia do Senhor” se refere a um fato presente, essa frase também prenuncia um dia final estabelecido pelo Senhor. Esse derradeiro evento da história tem dois aspectos: (1) o último julgamento sobre todo o pecado e todo o mal; e (2) a recompensa final que será concedida aos crentes que se mantiveram fiéis. A justiça e a verdade prevalecerão, mas sempre acompanhadas de muito sofrimento (Zc 14.1-3)”.  (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – CPAD)

Alister E. McGrath, professor de Teologia Histórica na Universidade de Oxford, Inglaterra, considerado um dos mais influentes pensadores cristãos da atualidade, autor de diversas publicações nas áreas de Teologia Sistemática, Ciência da Religião, Espiritualidade e Apologética, quando trata da Natureza da Linguagem Teológica, cita três tipos de abordagem: Analogia, Metáfora e Acomodação.

“Com relação à metáfora, Aristóteles a definiu como o processo que envolve “o uso de uma palavra, por transferência, cujo uso originário designa outro objeto ou qualidade”. Tão ampla é essa definição que abrange quase todas as figuras de linguagem, inclusive a analogia. A metáfora é uma maneira de falar sobre uma coisa em termos que sugerem uma outra. Ela é, para usar a famosa frase de Nelson Goodman, “uma questão de atribuir um novo significado a uma palavra conhecida”.

“Em geral, as metáforas apresentam traços emocionais bastante fortes. As metáforas teológicas são capazes de expressar dimensões emocionais da fé cristã, de maneira a torná-las apropriadas à adoração. Ian G. Barbour sintetiza esse aspecto da linguagem metafórica da seguinte maneira: Quando as metáforas poéticas são usadas apenas momentaneamente em um contexto, em benefício de uma idéia ou percepção imediata, os símbolos religiosos tornam-se parte da linguagem de uma comunidade religiosa em suas Escrituras e liturgia, assim como continuamente em seu pensamento e em sua vida. Símbolos religiosos expressam emoções e sentimentos humanos, além de ser poderosos em inspirar respostas e compromissos”. (Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica – Uma Introdução à Teologia Cristã, Shedd Publicações-São Paulo-SP, 1ª Edição – Junho de 2005, 2ª Reimpressão – Setembro de 2008).

Metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam. É o emprego de palavras ou expressões com sentido figurado, é uma espécie de comparação abreviada, nascida da relação de semelhança ou característica comum entre dois seres ou fatos.

Alegoria é uma figura de linguagem que está dentro do que se classifica como figura das palavras, ou seja, relaciona-se a semântica, e encontra seu significado dentro das abstrações. De acordo com o dicionário Aurélio, Alegoria significa: “Simbolismo concreto que abrange o conjunto de toda uma narrativa ou quadro, de maneira que a cada elemento do símbolo corresponda um elemento significado ou simbolizado”, isto é, além de servir como figura de linguagem para textos, bastante comum em fábulas e parábolas, cabe também a obras de arte.

Em muitos casos, lições de moral são utilizadas como forma de alegoria, pois elas representam situações a partir de artifícios que significam alguma coisa por meio de outras coisas. A própria construção etimológica da palavra alegoria, que vem do grego allegoria, identifica sua função que significa, “dizer o outro”.

Embora opere de maneira semelhante a outras figuras retóricas, a alegoria vai além da simples comparação da metáfora. A fábula e a parábola são exemplos genéricos (isto é, de gêneros textuais) de aplicação da alegoria, às vezes acompanhados de uma moral que deixa claro a relação entre o sentido literal e o sentido figurado.

Quintiliano, afirma que alegoria é “metáfora continuada que mostra uma coisa pelas palavras e outra pelo sentido”.

João Adolfo Hansen estudou a alegoria e publicou seu estudo em Alegoria: construção e interpretação da metáfora, distinguindo a alegoria greco-romana (de natureza essencialmente linguística, não obstante o anacronismo) da alegoria cristã, também chamada de exegese religiosa (na qual eventos, personagens e fatos históricos passam também a ser interpretados alegoricamente).

A alegoria tem sido uma forma favorita na literatura de praticamente todas as nações. As escrituras dos hebreus apresentam instâncias freqüentes dela, uma das mais belas sendo a comparação da história de Israel ao crescimento de uma vinha no Salmo 80. Na tradição rabínica, leituras alegóricas tem sido aplicadas em todos os textos, uma tradição que foi herdada pelos cristãos, para os quais as semelhanças alegóricas são a base da exegese.

Vejamos um exemplo contido em Joel 1.4 (A.R.A.), que diz:

“O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor”.  

Com base na natureza metafórica da linguagem teológica, acima descrita, podemos, perfeitamente, comparar os tipos de gafanhotos referidos por Joel, com quatro tipos de demônios, pelas semelhanças e diferenças existentes entre as duas coisas que estão sendo comparadas, neste caso, gafanhoto e demônio, levando-se em conta o alto poder de destruição que ambos são capazes de ocasionar na vida dos seres humanos.

A metáfora sempre tem o caráter de “ser” e “não ser”: uma declaração é feita mais como um provável relato do que como definição. Isto é, ao dizer que os gafanhotos são comparados aos demônios, não se pretende definir gafanhoto como demônio, nem afirmar a existência de uma identidade entre os termos gafanhoto e demônio.

Segundo Sallie McFague, a característica mais atrativa da metáfora para a Teologia Cristã seja seu caráter aberto. Segundo ele, embora alguns críticos literários tenham sugerido que as metáforas possam ser reduzidas a um conjunto de expressões literais equivalentes, outros têm insistido no fato de que nenhum limite pode ser estabelecido no âmbito da comparação.

Dessa forma, a metáfora de gafanhoto como demônio, não pode ser reduzida a um conjunto de declarações específicas sobre gafanhoto, que sejam válidas para todos os tempos e lugares. Explica McFague, que a metáfora busca ser sugestiva, permitindo aos futuros leitores e intérpretes encontrar nela um novo significado. A metáfora não é simplesmente uma descrição elegante ou uma frase memorável sobre alguma coisa já conhecida. É um convite à descoberta de novos significados, que outros podem ter negligenciado ou esquecido.

Em Apocalipse 9.1-11, os gafanhotos não são insetos, mas referem-se a demônios, a hostes demoníacas, saídos do poço do abismo. Uma invasão de demônios cuja missão principal é atormentar os homens (9.4-5).

O Reverendo Hernandes Dias Lopes explica as características destes gafanhotos demônios: 1ª) são espíritos de obscuridade (9.2-3); 2ª) são espíritos de destruição (9.11); 3ª) são espíritos que tem poder e domínio (9.7); 4ª) são espíritos que tem inteligência (9.7); 5ª) são espíritos de sensualidade (9.8); 6ª) são espíritos de violência (9.8b); 7ª) são espíritos inatingíveis.

Outrossim, a menção dos gafanhotos contidos na quinta trombeta, como demônios propriamente ditos, vem corroborar com a interpretação metafórica em questão, ou seja, comparar os gafanhotos de Joel 2.4-10, com tipos de demônios que agem na vida das pessoas, destruindo suas famílias, a saúde, os bens materiais, etc..

Para concluir, leiamos o texto de Joel 2.25-27 (ARA):

“Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros. Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do SENHOR, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado. Sabereis que estou no meio de Israel e que eu sou o SENHOR, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado”.

Aqui vemos claramente a promessa de restituição. Em Lucas 6.38, vemos a lei da reciprocidade divina, na qual o Senhor nos abençoa de quatro maneiras diferentes: boa medida; recalcada; sacudida; transbordante.

Recomendo que você faça um conserto de fidelidade, de honestidade, de santidade e de generosidade e todo poder dos gafanhotos (demônios), da ruína e da miséria será destruído em nome de Jesus!

 Texto do Pr. Wagner Tadeu dos Santos Gaby

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Procrastinação pode esconder problemas mais sérios


A mania de deixar tudo para depois vai muito além da preguiça e pode esconder o medo do fracasso. Veja se você é um procrastinador.

A procrastinação assume perfis diversos. O procrastinador por criação de problema adia as tarefas para mais tarde porque acha que terá mais tempo. O procrastinador comportamental até faz listas e planos, mas não segue nada do que foi planejado. E o procrastinador retardatário faz várias coisas antes de cumprir uma tarefa determinada anteriormente.

Segundo o psiquiatra norte-americano Bill Knaus em artigo publicado no “Psychology Today”, estes são os três perfis de quem tem mania de deixar tudo para depois. Mas, para a professora-titular da USP e terapeuta analítica comportamental Rachel Kerbay, a definição vai além.

Rachel trabalha há mais de 15 anos com o assunto e define o “autocontrole” – ou melhor, a falta dele – como a palavra-chave para entender este distúrbio. “O procrastinador quer sempre usufruir do resultado imediato. Não sabe planejar e criar condições para que as coisas aconteçam. Como ele segue só aquilo que é de seu interesse, perde o que poderia ganhar a longo prazo”, explica a professora.

Cada um com os seus motivos

É exatamente o que Carina Martins faz repetidas vezes. Redatora publicitária, ela precisa trabalhar em dupla com o responsável pela arte. Mas a fama de “deixar tudo para a última hora” já é bem conhecida entre os colegas e, no último emprego, chegou aos ouvidos do chefe. “Como eu também sou DJ, é muito fácil começar o dia procurando música e, quando me dou conta, passei o expediente inteiro fazendo outra coisa que não era o trabalho”, diz.

Carina também é do tipo que demora muitos dias para cumprir uma tarefa muito fácil, exatamente pelo grau de exigência ser menor. Só que quando o assunto é difícil, ela também trava. Daí o motivo é ter medo de encarar um desafio.

“Geralmente, o procrastinador tem medo do resultado e de uma avaliação pública. Daí o bloqueio e a decisão de não fazer nada. Para isso, ele encontra várias desculpas –muitas vezes externas, como tempo ruim, pouco dinheiro, falta de sorte – ou apela para a emoção para adiar os compromissos”, analisa Rachel.

O problema é que, na maioria dos casos, ele joga o trabalho para frente com a desculpa de que precisa de mais tempo para fazer determinado projeto, e nem por isso faz melhor. “Eu sempre falo, ‘semana que vem eu faço com mais calma’. Apesar da sensação ruim de angústia, acabo me enrolando de novo e dedico menos tempo do que o trabalho de verdade precisa. A saída, então, é o improviso”, confessa Carina.

Missão dada não é missão cumprida

Nesse nó de desculpas e enrolação, a preguiça – ao contrário do que muita gente acredita – não é a resposta do problema. É só ver a disposição da Carina para pesquisar música e fazer outras atividades que lhe dão prazer. Foi também o que concluiu Christian Barbosa, especialista em produtividade e autor do livro “Equilíbrio e Resultado – Por que as pessoas não fazem o que deveriam fazer”. Christian elaborou uma pesquisa e perguntou a mais de 4 mil pessoas a seguinte questão: “você procrastina atividades ao longo da sua rotina?”. 97,4% dos entrevistados responderam “sim”.
De acordo com o levantamento, exercício físico, leitura, saúde e planejamento financeiro são as quatro coisas mais adiadas. Por outro lado, casamento, comprar apartamento, mudar de emprego e férias são aquelas que as pessoas realizam com mais facilidade. “Não há nada de errado em procrastinar de vez em quando, o problema é quando isso começa a ficar crônico e passamos a adiar frequentemente coisas que não poderiam ser adiadas”, define.

“De maneira geral, as coisas pessoais acabam sendo as que mais adiamos. Talvez porque na vida pessoal ninguém fique cobrando que você leia determinado livro ou organize seu armário. Mas, no trabalho, você tem chefe e clientes que esperam o resultado de sua produção”, ressalta Christian.
A falta dessa figura pode ser uma das razões que faz o estudante Marcio Vincler viver sempre no atraso. Há alguns anos, ele passou a trabalhar com a mãe. Como precisa de dedicação semi-integral na faculdade de veterinária, e ainda dá expediente em uma clínica, o tempo disponível para escritório é bem reduzido e as regalias são muitas.

Apesar de admitir que não se incomoda com as brincadeiras dos colegas, ele sabe o quanto esse comportamento cria rótulos. “Eu não consigo chegar no horário em nenhum lugar e as pessoas já contam com a minha demora”, diz.

O presente é o momento ideal

A pergunta diante deste jogo de empurra-empurra é: há uma luz no fim do túnel? Sim. “É preciso mudar as ações, as habilidades e a fala. Ou seja, o jeito de fazer das coisas”, afirma Rachel. É o que também acredita Christian Barbosa. “Infelizmente, na vida nem sempre teremos apenas coisas interessantes para fazer. É preciso aceitar isso”, diz.

Segundo ele, em muitos casos, adotar uma estratégia de produtividade dá bons resultados. Outra dica valiosa é defendida por Rachel. “Planeje os compromissos, crie alternativas factíveis e avance aos poucos. A recompensa neste caso não é material. É o sentimento de dever concluído que dá impulso à mudança e se torna mais satisfatório do que o mal-estar de um comportamento procrastinador”.

Fonte: http://delas.ig.com.br/comportamento/2012-11-11/procrastinacao-pode-esconder-problemas-mais-serios.html. Acesso em 11.11.12



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A origem do Dia das Crianças


O Dia das Crianças foi criado no Brasil antes de ser comemorado no restante do mundo. A idéia foi de um político brasileiro (deputado federal Galdino do Valle Filho), em 1920, e oficializada em 5 de novembro de 1924 pelo então presidente Arthur Bernardes. Somente entre 1955 e 1960, quando a fábrica de brinquedos Estrela, em parceria com a Johnson & Johnson, lançou a Semana do Bebê Robusto (intenção comercial de aumentar a venda de brinquedos nessa semana) é que ela passou a ser comemorada em 12 de outubro (aqui no Brasil).

Em 20 de novembro de 1959, a UNICEF oficializou a Declaração Universal dos Direitos da Criança e, a partir de então, essa data (20 de novembro) passou a ser comemorada na maioria dos países do mundo.

De acordo com a história e seu significado, alguns países têm outras datas para essa celebração: no Japão, por exemplo, os meninos comemoram no dia 5 de maio (como na China) e as meninas no dia 3 de março, ambos com exposições de bonecos (para os meninos eles lembram samurais). Em Moçambique, essa celebração ocorre no dia 1º de junho para marcar o dia em que as forças nazistas, em 1943, assassinaram cruelmente muitas crianças pequenas. Na Nova Zelândia, aproveitando esse dia para passar mais tempo com a família e sem fins comerciais, essa lembrança ocorre no primeiro domingo de março.

Origem de alguns brinquedos

Já que estamos falando sobre origens, você sabia que alguns dos brinquedos que usamos ou presenteamos hoje foram criados há séculos e até há milênios?

As bonecas, que foram criadas como estatuetas de barro na África e na Ásia, se transformaram em brinquedos há cerca de 5.000 anos no Egito. As casas para essas bonecas parecem ter tido sua primeira aparição na Alemanha, perto de 1.558 como um presente do Duque de Albrecht para sua filha mais velha. Conta-se que essa casa teria quatro andares e teria levado dois anos para ser construída com quarto de vestir, banheiro e outros ambientes. Até 1930, a maioria das crianças no Brasil brincava com bonecas de pano feitas por costureiras e carrinhos de madeira feitos em pequenas oficinas por artesãos.

As bolinhas de pedra, argila, madeira ou osso de carneiro foram as precursoras das bolinhas de gude. As mais antigas eram de pedras semi-preciosas encontradas em um túmulo de uma criança egípcia há 5.000 anos. Mas foi só no século XV que elas se transformaram em bolinhas de vidro (Veneza e Boêmia) e no século XVII de porcelana e louça. Foi através do Império Romano e suas conquistas que houve a disseminação de seu uso como brinquedo pelo mundo. No Brasil, elas são conhecidas por vários nomes (buraca, búrica, firo, bolita).

Já a bicicleta tem sua origem em 1790, conhecida como celerífero (celer=rápido e fero=transporte) por um conde francês (Sivrac), feita de madeira, sem pedais ou correntes, empurrada com os pés no chão. Os carrinhos de brinquedo apareceram ao mesmo tempo que os carrões originais, nos primeiros anos do século XX e o autorama em 1956, na Inglaterra, enquanto o primeiro trem elétrico em miniatura foi feito em 1835 por um ferreiro em Nova York. No Brasil, a Metallurgica Matarazzo foi a primeira fábrica a fazer jipes, carrinhos e aviões de lata. A fábrica Estrela foi a primeira a produzir brinquedos em variedade e quantidade significativa, a partir de 1937, porque com a Segunda Guerra Mundial as importações foram dificultadas e a indústria nacional se desenvolveu em vários setores, inclusive na produção de brinquedos.

Assim também a caixinha de música (1170, Suíça), o bilboquê ou emboca-bola (século XVI, França), o pião (strombo na Grécia ou turba na Roma antiga), entre outros fizeram parte da história até chegarmos aos brinquedos de hoje.

Fonte: http://guiadobebe.uol.com.br/a-origem-do-dia-das-criancas/. Acesso em 12.10.2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O que o estado laico não é


Antes de qualquer outra coisa, é preciso dizer que o Estado laico não é confessional. O Estado confessional é aquele que privilegia uma certa religião ou um grupo de religiões, transferindo para ela(s) recursos financeiros públicos, direta ou indiretamente, sancionando legalmente suas diretrizes morais e introduzindo nos currículos escolares das escolas públicas sua(s) doutrina(s). O Estado confessional pode ter uma religião exclusiva, proibindo as demais, ou privilegiar uma(s) e tolerar outras. O Estado brasileiro era confessional durante o Império, assim como são confessionais Estados contemporâneos, como a Grã-Bretanha, o Irã, Israel e a Dinamarca, que têm, religiões privilegiadas, respectivamente o Cristianismo de Confissão Anglicana, o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo de Confissão Luterana.

Algumas pessoas pensam que basta a separação jurídica entre o Estado e as sociedades religiosas (separação Igreja–Estado) para que a laicidade exista. Não é assim. Há países que não têm religião oficial e nem por isso são laicos. Por outro lado, existem antigas monarquias, com religião oficial, que são mais laicas do que certos Estados latino-americanos. Por exemplo, a Grã-Bretanha e a Dinamarca são mais laicas do que o Brasil e a Argentina, que se separaram formalmente da Igreja Católica há mais de um século.

O Estado laico tampouco é um Estado concordatário. Concordata é um termo próprio do universo simbólico da Igreja Católica, a única organização religiosa que tem um Estado para representá-la, o Vaticano. Concordatas são, então, tratados firmados entre os governos de dois Estados, o Vaticano e um outro. Se a concordata com a Itália não foi a primeira, constitui a matriz das que a Igreja Católica estabelece com diferentes governos, com esse nome ou outro. O governo fascista italiano firmou com o Vaticano uma concordata (Tratado de Latrão), pelo qual o primeiro reconheceu certas propriedades eclesiásticas, introduziu o catecismo católico no currículo das escolas públicas e símbolos religiosos católicos nas escolas e outros estabelecimentos públicos, além de outros privilégios econômicos e políticos. O Vaticano, por sua vez, reconheceu o Estado italiano (que se constituiu a partir da unificação estatal, em 1870, que incorporou os Estados pontifícios). Mesmo depois da queda do fascismo, o Estado italiano vem renovando a concordata com o Vaticano.

O Estado laico também não é ateu. O Estado ateu é aquele que proclama que toda e qualquer religião é alienada e alienante, em termos sociais e individuais. Para combater a alienação, o Estado ateu combate, então, toda e qualquer religião. Se não consegue proibi-la, completamente, dificulta ao máximo suas práticas, inibe sua difusão e desenvolve contínua e sistemática propaganda anti-religiosa. A União Soviética e os Estado socialistas constituídos no leste europeu, assim como a República Popular da China estabeleceram regimes ateus, com base na concepção de que toda e qualquer religião seria fonte de alienação do povo. Houve diferentes graus na efetivação da política ateísta, mais radical na Alemanha Oriental do que na Polônia, por exemplo, onde todo o aparato formativo da Igreja Católica manteve-se em operação, acabando por se tornar um dos principais elementos de dissolução do “socialismo real”.

Fonte: http://www.nepp-dh.ufrj.br/ole/conceituacao4.html. Acesso em 08.10.2012

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Salmo 137 e a mensagem imprecatória



Como entender a passagem bíblica do Salmo 137.9, que diz: “Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras”?

O Salmo 137 contém uma mensagem imprecatória, ou seja, contém apelos a Deus para que derrame sua ira sobre os inimigos do salmista. O termo “imprecação”, do latim “imprecatione”, expressa o desejo de infortúnios a alguém. Outros salmos demonstram essa mesma ideia, por exemplo, 7, 12, 35, 55, 59, 69, 79, 109 e 139. Além dos salmos, outros textos expressam esse sentimento, como Gn 9.25, Êx 9.16, Jz 5.24-31, 1Sm 13.13,14; 15.28, 1Rs 21.17-24; 22.19-23, Am 9.9,10 e Jeremias 11. No Novo Testamento, por exemplo, verifica-se imprecação em 1Tm 1.20; 2Tm 4.14 e Ap 6.9-11, onde os santos que estão no céu clamam por vingança a Deus.

A dificuldade na interpretação de textos imprecatórios encontra-se quando os comparamos com as passagens bíblicas de Mt 5.43-48 e Rm 12.17, onde o espírito de vingança humano deve ser rejeitado. As imprecações descritas na Bíblia são entendidas como clamores dos justos contra a manifestação do mal, isto é, um pedido de um justo para execução de justiça.

O contexto desta passagem nos remete à Babilônia e seu terrível rei Nabucodonosor. Babilônia é tratada, em especial no Apocalipse, em contraposição a Sião. Babilônia é a representação do mal e simboliza a idolatria, a prostituição, o sistema pecaminoso e o próprio mundo. Nabucodonosor é símbolo de Satanás, o opositor de Deus, que aprisiona o homem no pecado. É neste contexto que o desejo do salmista se expressa na vontade de que a justiça seja executada. A observância dos princípios estabelecidos na Lei, descritos em Dt 27 e 28, mostram que o julgamento divino abençoava os que a observavam, e, amaldiçoava os que a desprezavam. 

A Bíblia relata que Edom teve sua origem em Esaú e que Israel foi originado em Jacó. Por causa dos confrontos em relação à primogenitura, descritos em Gn 25.31-34, constantes batalhas foram travadas pelos povos originados por Esaú e Jacó. Quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém e o povo de Israel foi levado cativo, os edomitas se regozijaram com o sofrimento dos judeus, esquecendo-se de que o próprio Deus (Dt 23.7) havia ordenado ao seu povo que os amassem.

O antagonismo não deve ser verificado aqui como um sentimento de ódio pessoal, mas pelo zelo do nome de Deus, uma vez que a luta era travada entre Deus e o seu povo contra os seus inimigos e o próprio mal.

Abram de Graaf, na análise desta passagem, observa que “este salmo é baseado numa profecia. O autor não usa as suas próprias palavras, mas ele usa uma profecia. Esta profecia encontra-se em Isaías 13.9-20. O autor pede que Deus seja fiel. Ele deve cumprir as suas promessas. Babilônia faz parte da maldição. Esta cidade sempre se rebelou contra Deus. Esta cidade simboliza a sociedade sem Deus. A sociedade que vive sem Deus. Deus vai cumprir sua promessa, começando com a Babilônia antiga, e terminando com a Babilônia moderna, que nós encontramos no Apocalipse”.

Quando foi proferido este desejo de vingança, seu autor falou por si, e, não em nome do próprio Deus. O conceito acentuado neste texto é o desejo de que a justiça perfeita de Deus seja implementada. A vingança no Antigo Testamento é baseada na justiça de Deus.

A felicidade do salmista não está ligada a morte de crianças inocentes, mas, no triunfo do bem contra o mal.
 
Fonte: Eliel Gaby. Mensageiro da Paz - CPAD - agosto/2012
 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Quem ouve música no trabalho rende mais



Quem ouve música durante o trabalho tende a completar as tarefas com mais rapidez e a ter ideias melhores.
Em termos biológicos, sons melodiosos ajudam a encorajar a liberação de dopamina na área de recompensa do cérebro, o mesmo efeito de se comer algo gostoso, olhar para algo bonito ou sentir um aroma agradável, segundo diz o Dr. Amit Sood, médico de Medicina Integrativa da Clínica Mayo.

A mente das pessoas tende a divagar, “e nós sabemos que uma mente que divaga fica infeliz”, disse Dr. Sood. “Na maior parte do tempo, nós acabamos nos concentrando nas imperfeições da vida”. A música pode trazer-nos de volta ao momento presente.

“Ela tira você desses pen­­­­­samentos”, disse Teresa Lesiuk, professora assistente no programa de musicoterapia na Universidade de Miami.

A pesquisa da Dra. Lesiuk se concentra no modo como a música afeta o desempenho no local de trabalho. Em um estudo envolvendo especialistas em Tecnologia da Informação, ela descobriu que aqueles que ouviam música completavam suas tarefas com maior rapidez e chegavam a ideias melhores do que os que não ouviam música, porque ela melhorava seus humores.

“Quando você está estressado, pode acabar tomando suas decisões com maior pressa; você tem um foco de atenção muito pequeno”, disse ela. “Quando você está com um humor positivo, você é capaz de aceitar mais opções”.

A Dra. Lesiuk descobriu que a escolha pessoal de música era muito importante. Ela permitiu que os participantes de seu estudo selecionassem qualquer música de que gostassem e que ouvissem por quanto tempo quisessem. Os participantes com habilidades moderadas em seus trabalhos foram os que mais se beneficiaram, enquanto os especialistas tiveram pouco ou nenhum efeito. Alguns iniciantes foram da opinião que a música lhes distraía.

A Dra. Lesiuk também descobriu que, quanto mais velho o funcionário, menos tempo ele passa ouvindo música no trabalho.

POLÍTICA INTERNA

Poucas empresas têm políticas sobre ouvir música no trabalho, disse Paul Flaharty, vice-presidente regional da Robert Half Technology, uma agência de RH. Mas ainda assim é uma boa ideia verificar antes com o supervisor, mesmo que veja outros funcionários com fones de ouvido no escritório.

Ele disse que alguns supervisores podem achar que os funcionários usando fones de ouvido não estão plenamente envolvidos com o trabalho e que estão evitando interações importantes “porque estão se isolando em seu próprio mundo”.

“Se alguém não está trabalhando direito”, ele disse, “aí pode vir um dos gerentes e dizer que ele só fica ouvindo música o dia inteiro e isso está atrapalhando a produtividade”.

Para aqueles que escolhem ouvir música, o melhor é estabelecer limites, porque usar fones de ouvido o tempo inteiro pode ser visto como falta de educação por quem estiver por perto.

CONCENTRAÇÃO

O Dr. Sood, da Clínica Mayo diz que um tempo de apenas 15 minutos a meia hora de música já basta para recuperar a concentração. Músicas sem letras costumam funcionar melhor, segundo ele.

Daniel Rubin, colunista do Philadelphia Inquirer, disse ter o costume de ouvir jazz e concertos de piano durante a maior parte de sua carreira de 33 anos no jornal – mas só quando escrevia próximo do prazo. Ele começou usando um Sony Walkman, mas agora faz uso dos seus 76 dias de música disponíveis na playlist de seu iTunes.

“O colega batucando com os dedos a três mesas de distância e o outro cantarolando do meu lado fazem uma quantidade igual de barulho e é difícil de ignorar”, ele disse.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

É correto orar por animais?



Na Bíblia encontramos os mais diversos tipos de orações, não só quanto a forma, mas também quanto ao conteúdo. A própria coletânea dos salmos é um exemplo disso!

O centro de nossas orações de pedidos deve ser as necessidades humanas e as que dizem respeito à realização do reino de Deus em nossa vida. (Mt 6.33: Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas).

Agora vejamos que relação têm os animais com o homem:

“(Dou) a todos, os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo que se arrasta sobre a terra e em que haja sopro de vida... (ao domínio humano)” (Gn 1, 30).

O homem é chamado a usar com prudência tudo que Deus lhe deu, inclusive os animais, tendo consciência de que tudo foi feito em função do próprio homem. Nesse sentido orar pelos animais tem fundamento quando se faz relação com os homens. Depois precisamos saber o que pedir a Deus em relação aos animais. Seria inútil pedirmos, por exemplo, que Deus os leve para o céu, uma vez que os animais não possuem alma como nós seres humanos.

Podemos orar pelos animais, porém nunca atribuindo a eles necessidades exclusivamente humanas, tais como salvação, resistência à tentação, etc. Ademais Paulo muito bem diz: “Em todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo.” (1Ts 5.18).





segunda-feira, 30 de julho de 2012

O complicado problema do sofrimento


"Vida sem sofrimento só existe em sonhos e programas utópicos, não, porém, na realidade".
Erhard S. Gerstenberger

Muito embora não seja uma tarefa fácil, é preciso sobreviver frente ao sofrimento. Essa é uma experiência muito dolorosa que varia de intensidade, desde o quase nenhum sofrimento até situações quase insuportáveis, mesmo considerando a presença de Deus. Pode tanto durar pouco tempo como pode durar um longo período.

O sofrimento não é causado exclusivamente pela dor física, pela doença e pela morte. A simples falta de tato de uma pessoa próxima pode causar algum sofrimento. A ingratidão, a injustiça, o abandono, a falta de compreensão e a ausência de uma pessoa amada podem proporcionar grande sofrimento. A melancolia, a saudade, a solidão, a tristeza e especialmente a depressão são problemas muito sérios. O desemprego, a miséria, a fome, os déficits mensais, a insegurança e a bancarrota financeira são fontes de sofrimento. A separação conjugal sempre é motivo de sofrimento. Talvez caiba aos traumas, às enfermidades e sobretudo à morte de um ente querido a angústia maior. O próprio processo de envelhecimento costuma abalar a estrutura emocional de um idoso. A prova disso é que “desde Caim até Jó e desde o Gólgota até as visões do Apocalipse, há poucas páginas bíblicas que não tocam de perto ou de longe esta dura realidade da existência humana” (S. Amster).

Enquanto “o último inimigo” (a morte) não for vencido (1 Co 15.26), o sofrimento há de permear a existência humana, embora possa ser atenuado por “um nexo semelhante ao que existe entre dores de parto e alegrias maternas”, como diz Joseph Scharbert.

O ser humano está sujeito a inúmeras tentações. Uma delas é a tentação do sofrimento. C. S. Lewis explica que “o sofrimento como o megafone de Deus é um instrumento terrível, podendo levar à rebelião final, que não dá lugar ao arrependimento”.

O sofrimento pode provocar várias tentações — a tentação da superindagação (a de querer entender a razão do sofrimento), a tentação da exageração (a de ampliar a dor desnecessariamente), a tentação da fixação (a de não querer consolo), a tentação da amargura (a de misturar o sofrimento com decepção, ódio, ira e agressividade) e a tentação da apostasia (a de perder a fé e os padrões de comportamento, entregando-se ao álcool, às drogas, à violência e ao desregramento total).

A sobrevivência da fé e da ética face ao sofrimento pode ser difícil, mas é possível. Deus não controla apenas a tentação que atiça desejos pecaminosos. Ele controla também a tentação do sofrimento, mostrando-se e mostrando também a glória que há de vir, de tal forma que conseguimos raciocinar assim: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18). C. S. Lewis diz que “o sofrimento oferece uma oportunidade para o heroísmo” e acrescenta que “essa oportunidade é aceita com surpreendente freqüência”.

O mesmo Lewis explica que “o problema de conciliar o sofrimento humano com a existência de um Deus só é insolúvel enquanto associarmos um significado trivial à palavra ‘amor’ e considerarmos as coisas como se o homem fosse o centro delas”.

Os que sofrem como crentes sabem muito bem que o sofrimento costuma purificar a piedade e aumentar a fé e a comunhão com Deus.

Fonte: Revista Ultimato. Edição 290, setembro e outubro de 2004.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os estudiosos do Cristo histórico não nos dizem as coisas mais importantes sobre ele.


Saber quem foi Jesus, o que ele fez e qual o significado de sua passagem pelo mundo sempre foi uma espécie de obsessão das pessoas. Além do que está escrito sobre aquele que os cristãos consideram como o Salvador nas páginas da Bíblia, muitos estudiosos têm-se debruçado sobre os registros acerca do homem que viveu na Palestina do século I – alguém tão importante que foi ele mesmo que estabeleceu, com seu advento, essa contagem do tempo. A partir dos anos 1980, o interesse acadêmico sobre o Jesus histórico deu um salto. Na América, pesquisadores como Ben F. Meyer, E. P. Sanders, John Dominic Crossan, Marcus Borg, Paula Fredriksen, e N. T.Wright começaram a traçar quadros os mais diversos do chamado Filho de Deus. Alguns destes estudos pareciam bizarros; outros aproximavam-se um pouco mais da ortodoxia e dos evangelhos canônicos.

Mas a quê a expressão 'Jesus histórico' de fato se refere? Para início de conversa, Jesus – o rabi galileu que viveu, respirou, comeu, conversou e chamou discípulos, sendo ao fim de 33 anos crucificado – é um personagem cuja existência gera hoje pouca controvérsia. Mesmo fora do registro bíblico, já há evidências suficientes de sua trajetória: um homem pobre, nascido na Judeia sob a dominação romana, que exerceu ofícios manuais ao lado da família até iniciar seu trabalho de pregador itinerante, por volta dos trinta anos. Através de diversos estudos históricos, esse Jesus tem sido inserido em seu contexto judaico. Podemos chamar esse Jesus de o “Jesus judeu”. Já os quatro evangelistas e outros autores do Novo Testamento, que levam em conta o que está desvendados nas Escrituras, interpretam Jesus com o uso de termos com "Messias", "Filho de Deus", e "Filho do Homem", entendendo-o como o agente da redenção de Deus. Podemos chara esse Jesus de o "Jesus canônico". Outro aspecto precisa ser observado: a Igreja ampliou seu entendimento de Jesus, uma vez que o interpreta à luz de conceitos teológicos. Esse seria o "Jesus ortodoxo", a segunda pessoa da Trindade.

Mas o Jesus histórico é alguém ou algo à parte. Ele é o Jesus que os estudiosos reconstruíram com base nos métodos históricos, tanto o Jesus canônico do Novo Testamento como o Jesus ortodoxo da teologia da Igreja. O Jesus histórico parece mais com o Jesus judeu do que com o ortodoxo ou o canônico. Fazer distinções entre estas visões é importante para entender o que acontece no cenário acadêmico. Em primeiro lugar, o Jesus histórico é o Jesus que os acadêmicos reconstruíram com base nos métodos. Visto que os estudiosos são diferentes uns dos outros, suas reconstruções também o são umas das outras. Os métodos também são distintos, o que diferencia ainda mais a reconstrução. A maior parte deles toma os evangelhos como pouco confiáveis – mesmo assim, não os abandonam, tentando ver o que eles dizem. Outros critérios foram desenvolvidos, criticados, rejeitados e modificados, mas todos têm isso em comum: estudiosos do Jesus histórico reconstruíram Jesus com base em seus métodos históricos para, então, determinar o que, nos evangelhos, deve ser crido.

O critério essencial usado, ainda que cheio de falhas, é chamado de dissimilaridade dupla. De acordo com ele, os únicos ensinos ou ações de Jesus que podem receber crédito são os que são dissimilares tanto para o judaísmo dos dias de Jesus quanto para seus primeiros seguidores. Um dos principais exemplos é sua forma característica de chamar Deus de Abba, expressão raramente encontrada no judaísmo ou cristianismo primitivo como referência a Deus e que significa “pai”, ou, ainda, “paizinho”. Em segundo lugar, a palavra reconstruir precisa receber mais atenção. A maioria dos estudiosos do Jesus histórico entende que os evangelhos excederam nas imagens que construíram de Jesus, e que a teologia trinitariana da Igreja maximiza tudo o que Jesus pensou acerca de si mesmo, e tudo no qual os evangelistas acreditavam. Estes estudiosos construíram um Jesus que é diferente daquele ensinado pela Igreja e pelos evangelhos.

Novo Jesus – Não há razão para fazer estudos sobre o Jesus histórico – provar quem ele realmente era – se os evangelhos estão corretos e se as crenças da Igreja são justificáveis. Há apenas duas razões para se engajar na busca do Jesus histórico: a primeira, ver se a Igreja o entendeu de forma correta; e a segunda, caso a igreja não o tenha feito, é a de achar um personagem que seja mais autêntico do que o que a Igreja apresenta. Isso leva à conclusão necessária de que os acadêmicos do Jesus histórico construíram, na verdade, um quinto evangelho. A reconstrução apresenta um Jesus que não é idêntico ao canônico nem ao ortodoxo. Ele é o Jesus reconstruído; isto é, um novo Jesus. E os acadêmicos realmente acreditam no Jesus por eles construído. Durante o que ficou conhecido como a "primeira busca" pelo Jesus histórico, no começo do século 20, Albert Schweitzer entendeu que Jesus era apocalíptico. Nas mais recentes busca, temos diversos perfis: o Jesus de Sander é um profeta escatológico; o de Crosan, um camponês mediterrâneo cínico e cheio de perspicácia; o de Borg é um gênio místico; já Wright o aponta como um profeta messiânico do fim do exílio, que acreditava ser Deus voltando a Sião.

O terceiro ponto, e que precisa ser reforçado nos dias de hoje, é de que os acadêmicos do Jesus histórico construíram um Jesus em contraste com as categorias que os evangelistas e a Igreja primitiva apresentam. Wright é o mais ortodoxo dos conhecidos estudiosos dessa área. Eles partem do princípio que os evangelhos exageraram, e que a Igreja absorveu o profeta galileu nas categorias da filosofia grega. A busca pelo Jesus histórico é uma tentativa de ir além da teologia e estabelecer a fé no Jesus que foi – é preciso dizer desta forma – muito mais do que o Jesus que gostaríamos que ele fosse.

Há quem pense se o que está por trás desse movimento de busca histórica não seja uma descrença, a priori, na ortodoxia, mais do que uma genuína busca histórica ou interesse pelo que aconteceu. As conclusões teológicas daqueles que buscam o Jesus histórico simplesmente correlacionam de forma muito forte com suas próprias predileções teológicas para sugerir o contrário. A pergunta que muitos de nós devemos fazer é a seguinte: podem a teologia, a cristologia ou, até mesmo, a fé, estar conectadas com as vicissitudes da busca histórica e de seus resultados? A academia espera que nós descubramos o Jesus verdadeiro. Um a um, quase todos fomos convencidos de que não importa o quanto tentemos: alcançar o Jesus não interpretado é praticamente impossível. Além disso, um Jesus descoberto é apenas a versão de um pesquisador. E o detalhe é que é incomum que pessoas, que não o próprio estudioso e alguns de seus seguidores, sejam realmente convencidas por suas descobertas.

O teólogo alemão Martin Kähler convenceu sua geração que fé em Jesus não poderia nem deveria estar baseada nas conclusões históricas sobre o que aconteceu ou não. Precisamos, então, nos perguntar: em qual Jesus devemos confiar? Será no dos evangelistas e apóstolos? Será no da Igreja – aquele dos credos? Ou no Jesus ortodoxo? Será na mais recente proposta de um historiador brilhante? Será em nosso próprio consenso baseado nas pesquisas modernas? Ou tudo deve ser somente balizado pela fé?

“Produzimos o que queremos” – Diante de tantos descaminhos, temos presenciado a morte dos últimos estudos sobre o Jesus histórico. Não completa, é verdade, porque alguns ainda estão ocupados tentando reconstruir Jesus para eles mesmos e para os que os ouvirem. Ainda assim, o entusiasmo se foi, e as propostas parecem-se cada vez mais com teses vagas do que com uma esperança de um verdadeiro encontro da história de Jesus. Dois estudiosos recentes leram o obituário dos estudos nessa área. James Dunn argumenta em suas obras que o mais longe que podemos chegar além dos evangelhos é compreender a figura de Jesus com base no que seus primeiros seguidores disseram. Isso é o máximo que podemos fazer. Esse é o Jesus que deu vida à fé cristã, e o Jesus que é digno de ser seguido. Na perspectiva de Dunn, o Jesus relembrado contém a perspectiva de seus discípulos – e além dela não podemos ir.

Dale Allison, um dos mais bem preparados acadêmico do Novo Testamento nos Estados Unidos, é menos sanguíneo e mais cínico que Dunn em seu recente livro. Depois de três décadas de trabalho nessa área, Allison esboça a variedade de percepções sobre o Jesus histórico e a suposta teoria moderna de que, se unirmos nossas mãos, chegaremos a conclusões firmes. Ele apresenta essa conclusão deprimente: "O progresso não abrangeu todos os assuntos, e seja qual for o consenso existente, ele permanecerá excessivamente chato”. Em uma única sentença, ele diz tudo: “Usamos nossos critérios para produzir o que queremos". E ele admite isso em relação a um de seus próprios livros sobre Jesus: “Abri meus olhos para o óbvio: criei um Jesus à minha própria imagem. Talvez tenhamos transformado a sua biografia em nossa próprio autobiografia”, conclui.

Quando dois estudiosos desse porte, ambos altamente dedicados à busca do Jesus histórico por ângulos distintos, chegam a conclusão similar – a de que não chegaremos ao Jesus original por esses caminhos –, uma mensagem é transmitida. Podemos provar que Jesus morreu e que ele pensou em sua morte como uma expiação. Podemos estabelecer que a tumba estava vazia e que a ressurreição é a melhor explicação para tal fato. Contudo, algo que nossos métodos históricos não podem provar é que Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação.

Em um determinado ponto, métodos históricos encontram seus limites. Estudos acadêmicos sobre Jesus não podem nos levar a lugares nos quais o Espírito Santo nos leva. O homem curado por Jesus da cegueira sintetizou tudo magistralmente a dizer que não sabia quem era o homem que o curou; disse apenas: “Sei que outrora estava cego, e que agora posso ver”. De maneira análoga, os métodos históricos, a despeito de seu valor, não são capazes de nos fazer enxergar com clareza o Filho de Deus. A fé não pode ser completamente baseada no que a história é capaz de provar. A busca pelo verdadeiro Jesus, árdua e longa, tem provado exatamente isso.

Fonte: Texto de Scot McKnight, professor de religião na Universidade North Park, em Chicago (EUA). Disponível em http://www.cristianismohoje.com.br/materia.php?k=701. Acesso em 22.07.12

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sucesso, Auto Ajuda, Motivação, PNL e os púlpitos



A FARSA QUE ESTÁ POR TRÁS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGÜÍSTICA
( ou Ciência do Sucesso)

O sucesso não ocorre por acaso. O que é sucesso? O que é felicidade? O que é sorte? Por que algumas pessoas fazem sucesso na vida e outras não? Como alcançar o sucesso? Qual o segredo das pessoas bem-sucedidas? São perguntas como essa que a Programação Neurolingüistica – PNL, também conhecida como Ciência do Sucesso, tenta responder; seduzindo milhares de pessoas em todo o mundo, inclusive os cristãos evangélicos.

Segundo esse movimento, as técnicas ensinadas em seus cursos possibilita o aluno a aumentar sua capacidade cerebral e alcançar que realmente deseja na vida, ou seja, o sucesso. Dizem os seus mentores: “A vida que você leva foi criada por você, então é sempre possível transformá-la para melhor”, “O sucesso está em suas mãos”, “Há uma força especial dentro de você”, “Aprenda a usá-la em seu benefício”, “Ouse fazer e o poder lhe será dado”. E completam: “Você pode mudar sua vida. É simples, mas não é fácil, depende apenas de você”.

Entre todos os ensinamentos da Programação Neurolingüistica destacamos algo que nos parece central na discussão do tema. Segundo esse movimento, a palavra CRISE, em chinês, tem dois significados: “perigo” e “oportunidade”. É você quem escolhe qual significado adotará. Exemplificam: “Quando você ouvir falar em crise, pense em tirar o S da palavra. Você terá a poderosa palavra CRIE, do verbo criar, ser criador. Ou coloque um traço vertical sobre o S, e logo você tem um cifrão Cri$e, traduzindo: “Crie dinheiro”, “prosperidade”, “sucesso”, enfim...”

Com esta base de ensino, a Programação Neurolingüistica tem-se destacado como o grande diferencial nos treinamentos de auto-ajuda oferecidos nas escolas, acampamentos, universidades e em empresas.


Temas de impacto, mas, em princípio, inofensivos, como: “melhore a sua memória”, “auto-estima”, “motivação”, “qualidade”, “competitividade”, “leitura dinâmica”, “trabalho em equipe”, “superação”, “sensibilização”, “desenvolvimento de empreendedores”, “aumente sua capacidade de aprendizagem”, “adaptação a ambientes de constantes mudanças”, “superação a situação de pressão”, “globalização”, “atendimento”, entre outros, ganham uma nova conotação seguindo por um caminho totalmente diferente do convencional.

Compreendendo o assunto sistematicamente


Uma técnica utilizada por profissionais de auto-ajuda que visa levar o individuo a confiar no poder de suas próprias palavras, como fonte motivadora de transformação pessoal, adquirindo, assim, valores positivos que determinarão o sucesso em todas as ares da vida: emocional, profissional, financeira, etc. É assim que a Programação Neurolingüistica se define.

No Brasil, no campo da PNL, o dr. Lair Ribeiro é a figura mais destacada. A filosofia subjacente a essa técnica é a de que o homem é aquilo que ele pensa. Nisto está imbuída a idéia de auto-suficiência. A PNL utiliza basicamente as técnicas de Visualização, Meditação, Intuição, Hipnose ou regressão hipnótica e Confissão Positiva; todas essas “técnicas” são utilizadas em conjunto.

 1. VISUALIZAÇÃO

 – Visualização, na Nova Era, é o uso da concentração mental e imagens dirigidas, as chamadas “directed imagery”, na tentativa de alcançar determinados alvos físicos, mentais ou espirituais (ocultistas).

A pratica da visualização é antiga e afirma trabalhar de várias formas. Por exemplo, usando a mente para entrar em contato com a suposta divindade interior ou “eu superior”, os praticantes alegam que podem manipular a sua realidade pessoal a fim de alcançar os alvos desejados, tais como boa saúde e aquisição de riquezas.


A visualização é freqüentemente usada combinação com os estados alterados de consciência ou como meio de se chegar aos mesmos, sendo muitas vezes acompanhada de meditação ocultista. Ela foi, desde há muito, associadas às religiões e práticas pagãs, como xamanismo e a meditação xamanista. Ela também é muito utilizada para desenvolver habilidades psíquicas e na canalização para entrar em contato com “conselheiros interiores” ou guias espirituais.



O problema básico é que a visualização da Nova Era atribui à mente humana uma condição divina ou quase divina. Isso não só representa uma grande distorção da natureza humana como pode também camuflar a manipulação da mente por espíritos, definindo o processo como um empreendimento natural divino.


O uso da visualização na pratica da saúde pode levar a influencias ocultistas e a problemas surgidos da negação da realidade por excesso de confiança na mente “divina” da pessoa e seu suposto poder de cura ou “sabedoria” da saúde. No campo da medicina (autodiagnóstico físico) e da religião (revelação psíquica), o processo pode produzir a confiança em dados falsos que resultam em danos físicos ou fraude espiritual. O cristão tem sua fé bem fundamentada em Deus e, assim, pode não visualizar o futuro, mas se apropriar dele com a segurança das promessas do Senhor (Hb 11.1).

2. MEDITAÇÃO

 – A meditação, na Nova Era (oriental – ocultista), é praticada por milhares de pessoas. Em países asiáticos como China, Tibet, Índia, Tailândia etc. ela faz parte do cotidiano e envolve o controle absoluto ou ajuste da mente com vários propósitos, físicos ou espirituais (ocultistas).

Os promotores da meditação afirmam que a prática resulta em inúmeros benefícios físicos. Mas, mesmo que isso seja verdade, os riscos físicos e espirituais os superam. A meditação afirma trabalhar “imobilizando” a mente ou influenciando-a de qualquer modo. Quem medita é supostamente capaz de perceber a verdadeira realidade, sua verdadeira natureza, e a alcançar a verdadeira iluminação espiritual. O dr. Daniel Coleman, autoridade em meditação e escritor em vários livros, destaca a maioria das formas de meditação praticadas hoje é ocultista, e que por mais diversos que sejam os nomes, todos esses caminhos propõe a mesma formula básica numa alquimia (transformação ocultista da natureza) do “eu”.

A meditação da Nova Era usa caracteristicamente a mente de maneira anormal para reestruturar radicalmente as percepções do individuo, levando-o a apoiar a filosofia e os alvos ocultistas. Estados de consciência regressivos ou induzidos espiritualmente são interpretados de maneira errada como estados de consciência “mais elevados” ou “divinos”.

Por exemplo, em muitas formas da pratica da meditação, a possessão espiritual propriamente dita é interpretada como um tipo de iluminação espiritual; além disso, os poderes desenvolvidos através da meditação são falsamente interpretados como evidencia de uma natureza divina latente. Quase todos que fazem meditação infelizmente mão compreendem os resultados a longo prazo ou as conseqüências dessas práticas.

O fenômeno perigoso e crescente do despertar kundalini mais notados são períodos de desordem mental severa, incapacidade intelectual, sono profundo por vários dias e influencias demoníacas.

A filosofia subjacente, o propósito estabelecido, o método físico e o contexto espiritual da meditação determinam seu trabalho. A meditação bíblica nada tem a ver com esse conceito e é uma pratica espiritual saudável, mas, repetimos, a maior parte da meditação praticada hoje envolve métodos ocultistas que podem provocar conseqüências danosas irreversíveis. Entre elas estão as influencias por espíritos e até possessão demoníaca, assim como várias formas de danos físicos, psicológicos e espirituais que são cada vez mais relatados na literatura cristã. “... antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2).

3. INTUIÇÃO

– Intuição segundo a Nova Era é um disfarce para os poderes psíquicos e ocultos. É freqüentemente pregada em conjunto com a cura, a telepatia, a clarividência, o diagnóstico psíquico e o espiritismo ocultista. A “intuição” é desenvolvida da mesma maneira que as habilidades psíquicas (isto é, programas de treinamento envolvendo meditação, concentração, estados alterados de consciência, etc.). Uma vez desenvolvida, a pessoa busca suas habilidades intuitivas e confia na orientação e instrução para qualquer cura ou outras tarefas que devam ser feitas.

O problema básico com a intuição da Nova Era é sua premissa parapsicológica injustificada: a normalização dos poderes psíquicos como “habilidades intuitivas” latentes a raça humana. Isso mascara sua verdadeira sua realidade como habilidades sobrenaturais originárias do mundo dos espíritos. As habilidades ocultistas e os poderes espirituais são, portanto, internalizados psicologicamente como parte do “potencial humano” latente; a intuição, por si só, como um processo humano normal, se torna uma capa para o ocultismo, enquanto a guerra espiritual continua atrás dos bastidores. O ser humano, em sua criação original, herdou de fato aspectos da natureza divina de seu Criador (Gn 1.27; 2Pe 1.4), mas, com a queda, foi destituída dessa glória. Jesus afirmou: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15:5)


Desse modo, distinguir entre os poderes psíquicos ocultista e a intuição normal humana se torna difícil e até mesmo impossível. De fato, é amedrontador saber que muitos espíritas confessam não conseguirem distinguir a diferença de seu guia espiritual sobre sua mente e inspiração, ou criatividade, humana normal.


4. HIPNOSE

– Hipnose ou Regressão Hipnótica é uma condição deliberadamente induzida de sugestionalidade e transes acentuados, produzindo um estado de consciência altamente flexível e capaz de ser dramaticamente manipulado. O método é empregado por milhares de médicos e psicoterapeutas.

Vestígios dessa pratica podem ser encontrados desde a antiguidade e ela é associada com freqüência ao ocultismo. Os processos exatos que fazem a hipnose funcionar são desconhecidos. Pesquisas cientificas foram conduzidas para suprir grande volume de informação em relação ao transe hipnótico e sua suscetibilidade; todavia, o que é a hipnose e com ela funciona são pontos ainda largamente discutidos. Afirmações difundidas e freqüentemente exageradas são feitas quanto a sua aplicação na medicina, na psicoterapia, na educação e em muitos outros campos.


Alguns promotores de processos de auto-ajuda fazem alegações sensacionalistas em relação ao uso de hipnose para tratar ou curar uma infinidade de problemas físicos e pessoais – alergias, obesidade, câncer, baixa auto-estima, tabagismo e culpa, entre outros. Eles afirmam que suas possibilidades de aplicação na área de crescimento pessoal, potencial humano e autotransformação são quase infinitas.

Como cristãos, acreditamos que a hipnose é um estado singular de alteração da consciência que pode ser utilizado em uma grande variedade de propósitos ocultistas, como desenvolvimento psíquico, contato com espíritos, viagem astral, psicografia, regressão e terapia de vidas passadas (reencarnação), entre muitos outros.


Nos parece também que a hipnose esta ligada à pratica biblicamente do “feitiço” e/ou “encantamento”. Assim, ela é realmente proibida, pois o cristão deve encher-se com o Espírito Santo, o que significa que ele não deve permitir que a mente seja controlada, manipulada e abusada por parte do hipnotizador, em especial o incrédulo. O propósito dos psicoterapeutas da Nova Era, que empregam o que é chamado de terapia das “vidas passadas”, é enviar a pessoa de “volta” à sua suposta vida ou vida anteriores, a fim de resolver conflitos e traumas emocionais ou espirituais que estejam supostamente afetando a sua saúde física, emocional ou espiritual no momento, permitindo a influencia de demônios, “Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (1Co 2:16)


5. CONFISSÃO POSITIVA

– Esta expressão chamada de confissão positiva tem como significado literal “trazer a existência o que declaramos com nossa boca”. A confissão positiva coloca todo o peso da realização nas palavras pronunciadas e na atitude mental rigorosamente mantida.

Mais profundamente, a confissão positiva busca exteriorizar aquilo que foi projetado e reforçado na mente da pessoa através de todo trabalho de visualização, meditação, intuição e hipnose, ou seja, suas palavras irão confirmar todo processo de programação para o sucesso (PNL). Através da confissão positiva, a pessoa tornar-se-á a criadora de seu próprio mundo, com prosperidade nos negócios e saúde para família.


Neste caso, a confissão positiva confirma os ensinamentos da Nova Era que declara que o homem é um deus, possuindo, portanto, a capacidade de criar a sua própria felicidade. Esse conceito foi amplamente refutado ou adotado por lideranças evangélicas em todo mundo. Hoje, esse movimento está confinado a pequenos redutos denominacionais, pois no Brasil, em particular, não é tão simples assim exercitar a “teologia do sucesso ilimitado”, e mesmo nos países desenvolvidos essa teoria tem-se desgastado.


Biblicamente, entendemos que Deus é totalmente distinto do homem (vice-versa), e que sua glória não é repartida. O ser humano é o mais sublime das criações de Deus, dotado de valores herdados de seu Criador, mas nunca absoluto em si mesmo “... que é o homem, para que te lembres dele? E o filho do homem para que o visites? Contudo, pouco abaixo de Deus o fizeste; de glórias e de honra o coroaste” (Sl 8.4-5). O apóstolo Paulo escreveu aos romanos sobre a independência e soberania de Deus da seguinte maneira: “15 ... Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. 16 Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.” (Rm 9:15-16 ), logo, não é o homem que determina nada para si baseado nos desejos de seu coração, mas o Senhor, que realizará todas as coisas de acordo com a sua vontade.


Confronto com as Sagradas Escrituras

Como vimos a PNL busca substituir padrões considerados de “insucesso” por novos padrões de “sucesso” alicerçados no homem. Em suas etapas de programação, falamos da deletação, quando as pessoas programam suas mentes para apagar conhecimentos adquiridos, eliminar experiências vividas e exterminar comportamentos sedimentados ao longo da vida. Uma verdadeira lavagem cerebral. Ou seja, um esvaziamento da alma do aluno.

O que a Bíblia fala sobre o perigo de uma casa vazia? (Lc 11.24-26)

“24 Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. 25 E, chegando, acha-a varrida e adornada. 26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro.” (Lc 11:24-26 )

Podemos afirmar que é possível uma pessoa, após passar por um programa como o PNL, sofrer forte possessão demoníaca e diversos tipos de perturbações metais e até físicas.

A questão da PNL da “deletação” e na “inclusão” de novos valores na mente da pessoa é feita dentro de um processo de assimilação dos seus princípios de resistência. Através da utilização do relaxamento e da visualização, tal pessoa é conduzida ao estado chamado Alfa. Neste estado, por meio de técnicas de relaxamento ou meditação, a pessoa perde o senso critico, retendo automaticamente todas as informações recebidas como verdadeiras, quer sejam boas ou más. A Bíblia fala que é o Espírito Santo quem deve convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Ou seja, o trabalhar de Deus é por convencimento, o Espírito Santo, através da palavra de Deus, irá persuadir, apresentar razões, mostrar fatos que possibilitem a pessoa confrontá-los com sua vida e, então, se arrepender. Conversão é literalmente mudar de comportamento.


Deus respeita a opinião do homem e leva-o a mudar de comportamento apresentando-lhe a verdade do evangelho. O homem, quando se decide por Cristo, o faz racionalmente no exercício da fé, e essa declaração é feita em pleno estado de consciência, na PNL qualquer decisão tomada pelo homem é conseqüência de uma lavagem cerebral, por meio da qual ele perde sua capacidade de pensar, de argumentar e de questionar. Lendo Isaias 1.18: “Vinde então, e argüi-me (questionar, interrogar), diz o SENHOR...” (explicação nossa), entendemos que o cristianismo é uma religião de consciência, razão e fé. Ninguém precisa entrar em transe para crer em Cristo.

A Bíblia nos fala ainda que devemos resistir ao diabo (Tg 4.7). Como então aceitaremos um posicionamento de mente no qual a nossa resistência é totalmente eliminada? “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;” (1Pe 5:8 ). Com tantas evidências de ocultismo e praticas de magia e feitiçaria presentes na PNL, como poderemos ficar desarmados, despreocupados e sem a lucidez necessária para discernir o que esta ocorrendo em nosso derredor? (Veja Hb 5.14).


Não podemos baixar nossa guarda e ficar a mercê do diabo. Antes, devemos nos revestir de toda armadura de Deus (Ef 6.10), através da palavra de Deus, porque o diabo, de maneira astuta, cria verdadeiras arapucas para o homem incauto. “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjos de luz”. (dois Co 11.14).

O engano do homem que se vê como seu próprio centro (Jr 17.9)


“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”.


Em sua inclusão de novos padrões, a PNL destaca a tese de que o homem deve seguir seu coração. Nos cursos, a pessoa em meditação consigo mesma busca dentro de si respostas para sua vida e planeja, ou melhor, programa seu futuro através das respostas encontradas em seu coração. Como podemos seguir o nosso coração se ele é mais enganoso do que todas as coisas? Segui-lo nos trará como conseqüência a destruição. Ainda em Mateus 15.19 podemos ler: “Porque do coração procedem os maus pensamentos”.

Mas, como cristãos, devemos nos preparar “... para que não sejamos vencidos por Satanás; 11 Porque não ignoramos os seus ardis.” (2Co 2:10-11)

A questão do sucesso da PNL é semelhante a Teologia da prosperidade que circulou pelos meandros evangélicos há alguns anos. A questão da programação está baseada na regressão, ou cura interior, e a confissão positiva, no determinismo. Dessa forma, a fé tem sido usada na direção do “ter”, e não mais do “ser” ou “viver”, como foi com os heróis da fé. A Bíblia relata que “... o justo viverá pela fé” (Hb 10.38). Enquanto os propagadores da prosperidade estimulam a fé alicerçada na própria fé, o Senhor Jesus recomenda fé em Deus: “E Jesus, respondendo disse-lhes: Tendes fé em Deus...” (Mc 11.22). Para aqueles que tem um ensinamento contrário a esse, a Bíblia tem um adjetivo para eles: “Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas” (Jo 10.13 – grifo do autor).


Fonte: http://solascriptura-tt.org/Seitas/FarsaProgramacaoNeurolinguisticaCienciaSucesso-LCAparicio.htm. Texto de Luiz Carlos Aparício.