segunda-feira, 30 de julho de 2012

O complicado problema do sofrimento


"Vida sem sofrimento só existe em sonhos e programas utópicos, não, porém, na realidade".
Erhard S. Gerstenberger

Muito embora não seja uma tarefa fácil, é preciso sobreviver frente ao sofrimento. Essa é uma experiência muito dolorosa que varia de intensidade, desde o quase nenhum sofrimento até situações quase insuportáveis, mesmo considerando a presença de Deus. Pode tanto durar pouco tempo como pode durar um longo período.

O sofrimento não é causado exclusivamente pela dor física, pela doença e pela morte. A simples falta de tato de uma pessoa próxima pode causar algum sofrimento. A ingratidão, a injustiça, o abandono, a falta de compreensão e a ausência de uma pessoa amada podem proporcionar grande sofrimento. A melancolia, a saudade, a solidão, a tristeza e especialmente a depressão são problemas muito sérios. O desemprego, a miséria, a fome, os déficits mensais, a insegurança e a bancarrota financeira são fontes de sofrimento. A separação conjugal sempre é motivo de sofrimento. Talvez caiba aos traumas, às enfermidades e sobretudo à morte de um ente querido a angústia maior. O próprio processo de envelhecimento costuma abalar a estrutura emocional de um idoso. A prova disso é que “desde Caim até Jó e desde o Gólgota até as visões do Apocalipse, há poucas páginas bíblicas que não tocam de perto ou de longe esta dura realidade da existência humana” (S. Amster).

Enquanto “o último inimigo” (a morte) não for vencido (1 Co 15.26), o sofrimento há de permear a existência humana, embora possa ser atenuado por “um nexo semelhante ao que existe entre dores de parto e alegrias maternas”, como diz Joseph Scharbert.

O ser humano está sujeito a inúmeras tentações. Uma delas é a tentação do sofrimento. C. S. Lewis explica que “o sofrimento como o megafone de Deus é um instrumento terrível, podendo levar à rebelião final, que não dá lugar ao arrependimento”.

O sofrimento pode provocar várias tentações — a tentação da superindagação (a de querer entender a razão do sofrimento), a tentação da exageração (a de ampliar a dor desnecessariamente), a tentação da fixação (a de não querer consolo), a tentação da amargura (a de misturar o sofrimento com decepção, ódio, ira e agressividade) e a tentação da apostasia (a de perder a fé e os padrões de comportamento, entregando-se ao álcool, às drogas, à violência e ao desregramento total).

A sobrevivência da fé e da ética face ao sofrimento pode ser difícil, mas é possível. Deus não controla apenas a tentação que atiça desejos pecaminosos. Ele controla também a tentação do sofrimento, mostrando-se e mostrando também a glória que há de vir, de tal forma que conseguimos raciocinar assim: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18). C. S. Lewis diz que “o sofrimento oferece uma oportunidade para o heroísmo” e acrescenta que “essa oportunidade é aceita com surpreendente freqüência”.

O mesmo Lewis explica que “o problema de conciliar o sofrimento humano com a existência de um Deus só é insolúvel enquanto associarmos um significado trivial à palavra ‘amor’ e considerarmos as coisas como se o homem fosse o centro delas”.

Os que sofrem como crentes sabem muito bem que o sofrimento costuma purificar a piedade e aumentar a fé e a comunhão com Deus.

Fonte: Revista Ultimato. Edição 290, setembro e outubro de 2004.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os estudiosos do Cristo histórico não nos dizem as coisas mais importantes sobre ele.


Saber quem foi Jesus, o que ele fez e qual o significado de sua passagem pelo mundo sempre foi uma espécie de obsessão das pessoas. Além do que está escrito sobre aquele que os cristãos consideram como o Salvador nas páginas da Bíblia, muitos estudiosos têm-se debruçado sobre os registros acerca do homem que viveu na Palestina do século I – alguém tão importante que foi ele mesmo que estabeleceu, com seu advento, essa contagem do tempo. A partir dos anos 1980, o interesse acadêmico sobre o Jesus histórico deu um salto. Na América, pesquisadores como Ben F. Meyer, E. P. Sanders, John Dominic Crossan, Marcus Borg, Paula Fredriksen, e N. T.Wright começaram a traçar quadros os mais diversos do chamado Filho de Deus. Alguns destes estudos pareciam bizarros; outros aproximavam-se um pouco mais da ortodoxia e dos evangelhos canônicos.

Mas a quê a expressão 'Jesus histórico' de fato se refere? Para início de conversa, Jesus – o rabi galileu que viveu, respirou, comeu, conversou e chamou discípulos, sendo ao fim de 33 anos crucificado – é um personagem cuja existência gera hoje pouca controvérsia. Mesmo fora do registro bíblico, já há evidências suficientes de sua trajetória: um homem pobre, nascido na Judeia sob a dominação romana, que exerceu ofícios manuais ao lado da família até iniciar seu trabalho de pregador itinerante, por volta dos trinta anos. Através de diversos estudos históricos, esse Jesus tem sido inserido em seu contexto judaico. Podemos chamar esse Jesus de o “Jesus judeu”. Já os quatro evangelistas e outros autores do Novo Testamento, que levam em conta o que está desvendados nas Escrituras, interpretam Jesus com o uso de termos com "Messias", "Filho de Deus", e "Filho do Homem", entendendo-o como o agente da redenção de Deus. Podemos chara esse Jesus de o "Jesus canônico". Outro aspecto precisa ser observado: a Igreja ampliou seu entendimento de Jesus, uma vez que o interpreta à luz de conceitos teológicos. Esse seria o "Jesus ortodoxo", a segunda pessoa da Trindade.

Mas o Jesus histórico é alguém ou algo à parte. Ele é o Jesus que os estudiosos reconstruíram com base nos métodos históricos, tanto o Jesus canônico do Novo Testamento como o Jesus ortodoxo da teologia da Igreja. O Jesus histórico parece mais com o Jesus judeu do que com o ortodoxo ou o canônico. Fazer distinções entre estas visões é importante para entender o que acontece no cenário acadêmico. Em primeiro lugar, o Jesus histórico é o Jesus que os acadêmicos reconstruíram com base nos métodos. Visto que os estudiosos são diferentes uns dos outros, suas reconstruções também o são umas das outras. Os métodos também são distintos, o que diferencia ainda mais a reconstrução. A maior parte deles toma os evangelhos como pouco confiáveis – mesmo assim, não os abandonam, tentando ver o que eles dizem. Outros critérios foram desenvolvidos, criticados, rejeitados e modificados, mas todos têm isso em comum: estudiosos do Jesus histórico reconstruíram Jesus com base em seus métodos históricos para, então, determinar o que, nos evangelhos, deve ser crido.

O critério essencial usado, ainda que cheio de falhas, é chamado de dissimilaridade dupla. De acordo com ele, os únicos ensinos ou ações de Jesus que podem receber crédito são os que são dissimilares tanto para o judaísmo dos dias de Jesus quanto para seus primeiros seguidores. Um dos principais exemplos é sua forma característica de chamar Deus de Abba, expressão raramente encontrada no judaísmo ou cristianismo primitivo como referência a Deus e que significa “pai”, ou, ainda, “paizinho”. Em segundo lugar, a palavra reconstruir precisa receber mais atenção. A maioria dos estudiosos do Jesus histórico entende que os evangelhos excederam nas imagens que construíram de Jesus, e que a teologia trinitariana da Igreja maximiza tudo o que Jesus pensou acerca de si mesmo, e tudo no qual os evangelistas acreditavam. Estes estudiosos construíram um Jesus que é diferente daquele ensinado pela Igreja e pelos evangelhos.

Novo Jesus – Não há razão para fazer estudos sobre o Jesus histórico – provar quem ele realmente era – se os evangelhos estão corretos e se as crenças da Igreja são justificáveis. Há apenas duas razões para se engajar na busca do Jesus histórico: a primeira, ver se a Igreja o entendeu de forma correta; e a segunda, caso a igreja não o tenha feito, é a de achar um personagem que seja mais autêntico do que o que a Igreja apresenta. Isso leva à conclusão necessária de que os acadêmicos do Jesus histórico construíram, na verdade, um quinto evangelho. A reconstrução apresenta um Jesus que não é idêntico ao canônico nem ao ortodoxo. Ele é o Jesus reconstruído; isto é, um novo Jesus. E os acadêmicos realmente acreditam no Jesus por eles construído. Durante o que ficou conhecido como a "primeira busca" pelo Jesus histórico, no começo do século 20, Albert Schweitzer entendeu que Jesus era apocalíptico. Nas mais recentes busca, temos diversos perfis: o Jesus de Sander é um profeta escatológico; o de Crosan, um camponês mediterrâneo cínico e cheio de perspicácia; o de Borg é um gênio místico; já Wright o aponta como um profeta messiânico do fim do exílio, que acreditava ser Deus voltando a Sião.

O terceiro ponto, e que precisa ser reforçado nos dias de hoje, é de que os acadêmicos do Jesus histórico construíram um Jesus em contraste com as categorias que os evangelistas e a Igreja primitiva apresentam. Wright é o mais ortodoxo dos conhecidos estudiosos dessa área. Eles partem do princípio que os evangelhos exageraram, e que a Igreja absorveu o profeta galileu nas categorias da filosofia grega. A busca pelo Jesus histórico é uma tentativa de ir além da teologia e estabelecer a fé no Jesus que foi – é preciso dizer desta forma – muito mais do que o Jesus que gostaríamos que ele fosse.

Há quem pense se o que está por trás desse movimento de busca histórica não seja uma descrença, a priori, na ortodoxia, mais do que uma genuína busca histórica ou interesse pelo que aconteceu. As conclusões teológicas daqueles que buscam o Jesus histórico simplesmente correlacionam de forma muito forte com suas próprias predileções teológicas para sugerir o contrário. A pergunta que muitos de nós devemos fazer é a seguinte: podem a teologia, a cristologia ou, até mesmo, a fé, estar conectadas com as vicissitudes da busca histórica e de seus resultados? A academia espera que nós descubramos o Jesus verdadeiro. Um a um, quase todos fomos convencidos de que não importa o quanto tentemos: alcançar o Jesus não interpretado é praticamente impossível. Além disso, um Jesus descoberto é apenas a versão de um pesquisador. E o detalhe é que é incomum que pessoas, que não o próprio estudioso e alguns de seus seguidores, sejam realmente convencidas por suas descobertas.

O teólogo alemão Martin Kähler convenceu sua geração que fé em Jesus não poderia nem deveria estar baseada nas conclusões históricas sobre o que aconteceu ou não. Precisamos, então, nos perguntar: em qual Jesus devemos confiar? Será no dos evangelistas e apóstolos? Será no da Igreja – aquele dos credos? Ou no Jesus ortodoxo? Será na mais recente proposta de um historiador brilhante? Será em nosso próprio consenso baseado nas pesquisas modernas? Ou tudo deve ser somente balizado pela fé?

“Produzimos o que queremos” – Diante de tantos descaminhos, temos presenciado a morte dos últimos estudos sobre o Jesus histórico. Não completa, é verdade, porque alguns ainda estão ocupados tentando reconstruir Jesus para eles mesmos e para os que os ouvirem. Ainda assim, o entusiasmo se foi, e as propostas parecem-se cada vez mais com teses vagas do que com uma esperança de um verdadeiro encontro da história de Jesus. Dois estudiosos recentes leram o obituário dos estudos nessa área. James Dunn argumenta em suas obras que o mais longe que podemos chegar além dos evangelhos é compreender a figura de Jesus com base no que seus primeiros seguidores disseram. Isso é o máximo que podemos fazer. Esse é o Jesus que deu vida à fé cristã, e o Jesus que é digno de ser seguido. Na perspectiva de Dunn, o Jesus relembrado contém a perspectiva de seus discípulos – e além dela não podemos ir.

Dale Allison, um dos mais bem preparados acadêmico do Novo Testamento nos Estados Unidos, é menos sanguíneo e mais cínico que Dunn em seu recente livro. Depois de três décadas de trabalho nessa área, Allison esboça a variedade de percepções sobre o Jesus histórico e a suposta teoria moderna de que, se unirmos nossas mãos, chegaremos a conclusões firmes. Ele apresenta essa conclusão deprimente: "O progresso não abrangeu todos os assuntos, e seja qual for o consenso existente, ele permanecerá excessivamente chato”. Em uma única sentença, ele diz tudo: “Usamos nossos critérios para produzir o que queremos". E ele admite isso em relação a um de seus próprios livros sobre Jesus: “Abri meus olhos para o óbvio: criei um Jesus à minha própria imagem. Talvez tenhamos transformado a sua biografia em nossa próprio autobiografia”, conclui.

Quando dois estudiosos desse porte, ambos altamente dedicados à busca do Jesus histórico por ângulos distintos, chegam a conclusão similar – a de que não chegaremos ao Jesus original por esses caminhos –, uma mensagem é transmitida. Podemos provar que Jesus morreu e que ele pensou em sua morte como uma expiação. Podemos estabelecer que a tumba estava vazia e que a ressurreição é a melhor explicação para tal fato. Contudo, algo que nossos métodos históricos não podem provar é que Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação.

Em um determinado ponto, métodos históricos encontram seus limites. Estudos acadêmicos sobre Jesus não podem nos levar a lugares nos quais o Espírito Santo nos leva. O homem curado por Jesus da cegueira sintetizou tudo magistralmente a dizer que não sabia quem era o homem que o curou; disse apenas: “Sei que outrora estava cego, e que agora posso ver”. De maneira análoga, os métodos históricos, a despeito de seu valor, não são capazes de nos fazer enxergar com clareza o Filho de Deus. A fé não pode ser completamente baseada no que a história é capaz de provar. A busca pelo verdadeiro Jesus, árdua e longa, tem provado exatamente isso.

Fonte: Texto de Scot McKnight, professor de religião na Universidade North Park, em Chicago (EUA). Disponível em http://www.cristianismohoje.com.br/materia.php?k=701. Acesso em 22.07.12

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sucesso, Auto Ajuda, Motivação, PNL e os púlpitos



A FARSA QUE ESTÁ POR TRÁS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGÜÍSTICA
( ou Ciência do Sucesso)

O sucesso não ocorre por acaso. O que é sucesso? O que é felicidade? O que é sorte? Por que algumas pessoas fazem sucesso na vida e outras não? Como alcançar o sucesso? Qual o segredo das pessoas bem-sucedidas? São perguntas como essa que a Programação Neurolingüistica – PNL, também conhecida como Ciência do Sucesso, tenta responder; seduzindo milhares de pessoas em todo o mundo, inclusive os cristãos evangélicos.

Segundo esse movimento, as técnicas ensinadas em seus cursos possibilita o aluno a aumentar sua capacidade cerebral e alcançar que realmente deseja na vida, ou seja, o sucesso. Dizem os seus mentores: “A vida que você leva foi criada por você, então é sempre possível transformá-la para melhor”, “O sucesso está em suas mãos”, “Há uma força especial dentro de você”, “Aprenda a usá-la em seu benefício”, “Ouse fazer e o poder lhe será dado”. E completam: “Você pode mudar sua vida. É simples, mas não é fácil, depende apenas de você”.

Entre todos os ensinamentos da Programação Neurolingüistica destacamos algo que nos parece central na discussão do tema. Segundo esse movimento, a palavra CRISE, em chinês, tem dois significados: “perigo” e “oportunidade”. É você quem escolhe qual significado adotará. Exemplificam: “Quando você ouvir falar em crise, pense em tirar o S da palavra. Você terá a poderosa palavra CRIE, do verbo criar, ser criador. Ou coloque um traço vertical sobre o S, e logo você tem um cifrão Cri$e, traduzindo: “Crie dinheiro”, “prosperidade”, “sucesso”, enfim...”

Com esta base de ensino, a Programação Neurolingüistica tem-se destacado como o grande diferencial nos treinamentos de auto-ajuda oferecidos nas escolas, acampamentos, universidades e em empresas.


Temas de impacto, mas, em princípio, inofensivos, como: “melhore a sua memória”, “auto-estima”, “motivação”, “qualidade”, “competitividade”, “leitura dinâmica”, “trabalho em equipe”, “superação”, “sensibilização”, “desenvolvimento de empreendedores”, “aumente sua capacidade de aprendizagem”, “adaptação a ambientes de constantes mudanças”, “superação a situação de pressão”, “globalização”, “atendimento”, entre outros, ganham uma nova conotação seguindo por um caminho totalmente diferente do convencional.

Compreendendo o assunto sistematicamente


Uma técnica utilizada por profissionais de auto-ajuda que visa levar o individuo a confiar no poder de suas próprias palavras, como fonte motivadora de transformação pessoal, adquirindo, assim, valores positivos que determinarão o sucesso em todas as ares da vida: emocional, profissional, financeira, etc. É assim que a Programação Neurolingüistica se define.

No Brasil, no campo da PNL, o dr. Lair Ribeiro é a figura mais destacada. A filosofia subjacente a essa técnica é a de que o homem é aquilo que ele pensa. Nisto está imbuída a idéia de auto-suficiência. A PNL utiliza basicamente as técnicas de Visualização, Meditação, Intuição, Hipnose ou regressão hipnótica e Confissão Positiva; todas essas “técnicas” são utilizadas em conjunto.

 1. VISUALIZAÇÃO

 – Visualização, na Nova Era, é o uso da concentração mental e imagens dirigidas, as chamadas “directed imagery”, na tentativa de alcançar determinados alvos físicos, mentais ou espirituais (ocultistas).

A pratica da visualização é antiga e afirma trabalhar de várias formas. Por exemplo, usando a mente para entrar em contato com a suposta divindade interior ou “eu superior”, os praticantes alegam que podem manipular a sua realidade pessoal a fim de alcançar os alvos desejados, tais como boa saúde e aquisição de riquezas.


A visualização é freqüentemente usada combinação com os estados alterados de consciência ou como meio de se chegar aos mesmos, sendo muitas vezes acompanhada de meditação ocultista. Ela foi, desde há muito, associadas às religiões e práticas pagãs, como xamanismo e a meditação xamanista. Ela também é muito utilizada para desenvolver habilidades psíquicas e na canalização para entrar em contato com “conselheiros interiores” ou guias espirituais.



O problema básico é que a visualização da Nova Era atribui à mente humana uma condição divina ou quase divina. Isso não só representa uma grande distorção da natureza humana como pode também camuflar a manipulação da mente por espíritos, definindo o processo como um empreendimento natural divino.


O uso da visualização na pratica da saúde pode levar a influencias ocultistas e a problemas surgidos da negação da realidade por excesso de confiança na mente “divina” da pessoa e seu suposto poder de cura ou “sabedoria” da saúde. No campo da medicina (autodiagnóstico físico) e da religião (revelação psíquica), o processo pode produzir a confiança em dados falsos que resultam em danos físicos ou fraude espiritual. O cristão tem sua fé bem fundamentada em Deus e, assim, pode não visualizar o futuro, mas se apropriar dele com a segurança das promessas do Senhor (Hb 11.1).

2. MEDITAÇÃO

 – A meditação, na Nova Era (oriental – ocultista), é praticada por milhares de pessoas. Em países asiáticos como China, Tibet, Índia, Tailândia etc. ela faz parte do cotidiano e envolve o controle absoluto ou ajuste da mente com vários propósitos, físicos ou espirituais (ocultistas).

Os promotores da meditação afirmam que a prática resulta em inúmeros benefícios físicos. Mas, mesmo que isso seja verdade, os riscos físicos e espirituais os superam. A meditação afirma trabalhar “imobilizando” a mente ou influenciando-a de qualquer modo. Quem medita é supostamente capaz de perceber a verdadeira realidade, sua verdadeira natureza, e a alcançar a verdadeira iluminação espiritual. O dr. Daniel Coleman, autoridade em meditação e escritor em vários livros, destaca a maioria das formas de meditação praticadas hoje é ocultista, e que por mais diversos que sejam os nomes, todos esses caminhos propõe a mesma formula básica numa alquimia (transformação ocultista da natureza) do “eu”.

A meditação da Nova Era usa caracteristicamente a mente de maneira anormal para reestruturar radicalmente as percepções do individuo, levando-o a apoiar a filosofia e os alvos ocultistas. Estados de consciência regressivos ou induzidos espiritualmente são interpretados de maneira errada como estados de consciência “mais elevados” ou “divinos”.

Por exemplo, em muitas formas da pratica da meditação, a possessão espiritual propriamente dita é interpretada como um tipo de iluminação espiritual; além disso, os poderes desenvolvidos através da meditação são falsamente interpretados como evidencia de uma natureza divina latente. Quase todos que fazem meditação infelizmente mão compreendem os resultados a longo prazo ou as conseqüências dessas práticas.

O fenômeno perigoso e crescente do despertar kundalini mais notados são períodos de desordem mental severa, incapacidade intelectual, sono profundo por vários dias e influencias demoníacas.

A filosofia subjacente, o propósito estabelecido, o método físico e o contexto espiritual da meditação determinam seu trabalho. A meditação bíblica nada tem a ver com esse conceito e é uma pratica espiritual saudável, mas, repetimos, a maior parte da meditação praticada hoje envolve métodos ocultistas que podem provocar conseqüências danosas irreversíveis. Entre elas estão as influencias por espíritos e até possessão demoníaca, assim como várias formas de danos físicos, psicológicos e espirituais que são cada vez mais relatados na literatura cristã. “... antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2).

3. INTUIÇÃO

– Intuição segundo a Nova Era é um disfarce para os poderes psíquicos e ocultos. É freqüentemente pregada em conjunto com a cura, a telepatia, a clarividência, o diagnóstico psíquico e o espiritismo ocultista. A “intuição” é desenvolvida da mesma maneira que as habilidades psíquicas (isto é, programas de treinamento envolvendo meditação, concentração, estados alterados de consciência, etc.). Uma vez desenvolvida, a pessoa busca suas habilidades intuitivas e confia na orientação e instrução para qualquer cura ou outras tarefas que devam ser feitas.

O problema básico com a intuição da Nova Era é sua premissa parapsicológica injustificada: a normalização dos poderes psíquicos como “habilidades intuitivas” latentes a raça humana. Isso mascara sua verdadeira sua realidade como habilidades sobrenaturais originárias do mundo dos espíritos. As habilidades ocultistas e os poderes espirituais são, portanto, internalizados psicologicamente como parte do “potencial humano” latente; a intuição, por si só, como um processo humano normal, se torna uma capa para o ocultismo, enquanto a guerra espiritual continua atrás dos bastidores. O ser humano, em sua criação original, herdou de fato aspectos da natureza divina de seu Criador (Gn 1.27; 2Pe 1.4), mas, com a queda, foi destituída dessa glória. Jesus afirmou: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15:5)


Desse modo, distinguir entre os poderes psíquicos ocultista e a intuição normal humana se torna difícil e até mesmo impossível. De fato, é amedrontador saber que muitos espíritas confessam não conseguirem distinguir a diferença de seu guia espiritual sobre sua mente e inspiração, ou criatividade, humana normal.


4. HIPNOSE

– Hipnose ou Regressão Hipnótica é uma condição deliberadamente induzida de sugestionalidade e transes acentuados, produzindo um estado de consciência altamente flexível e capaz de ser dramaticamente manipulado. O método é empregado por milhares de médicos e psicoterapeutas.

Vestígios dessa pratica podem ser encontrados desde a antiguidade e ela é associada com freqüência ao ocultismo. Os processos exatos que fazem a hipnose funcionar são desconhecidos. Pesquisas cientificas foram conduzidas para suprir grande volume de informação em relação ao transe hipnótico e sua suscetibilidade; todavia, o que é a hipnose e com ela funciona são pontos ainda largamente discutidos. Afirmações difundidas e freqüentemente exageradas são feitas quanto a sua aplicação na medicina, na psicoterapia, na educação e em muitos outros campos.


Alguns promotores de processos de auto-ajuda fazem alegações sensacionalistas em relação ao uso de hipnose para tratar ou curar uma infinidade de problemas físicos e pessoais – alergias, obesidade, câncer, baixa auto-estima, tabagismo e culpa, entre outros. Eles afirmam que suas possibilidades de aplicação na área de crescimento pessoal, potencial humano e autotransformação são quase infinitas.

Como cristãos, acreditamos que a hipnose é um estado singular de alteração da consciência que pode ser utilizado em uma grande variedade de propósitos ocultistas, como desenvolvimento psíquico, contato com espíritos, viagem astral, psicografia, regressão e terapia de vidas passadas (reencarnação), entre muitos outros.


Nos parece também que a hipnose esta ligada à pratica biblicamente do “feitiço” e/ou “encantamento”. Assim, ela é realmente proibida, pois o cristão deve encher-se com o Espírito Santo, o que significa que ele não deve permitir que a mente seja controlada, manipulada e abusada por parte do hipnotizador, em especial o incrédulo. O propósito dos psicoterapeutas da Nova Era, que empregam o que é chamado de terapia das “vidas passadas”, é enviar a pessoa de “volta” à sua suposta vida ou vida anteriores, a fim de resolver conflitos e traumas emocionais ou espirituais que estejam supostamente afetando a sua saúde física, emocional ou espiritual no momento, permitindo a influencia de demônios, “Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (1Co 2:16)


5. CONFISSÃO POSITIVA

– Esta expressão chamada de confissão positiva tem como significado literal “trazer a existência o que declaramos com nossa boca”. A confissão positiva coloca todo o peso da realização nas palavras pronunciadas e na atitude mental rigorosamente mantida.

Mais profundamente, a confissão positiva busca exteriorizar aquilo que foi projetado e reforçado na mente da pessoa através de todo trabalho de visualização, meditação, intuição e hipnose, ou seja, suas palavras irão confirmar todo processo de programação para o sucesso (PNL). Através da confissão positiva, a pessoa tornar-se-á a criadora de seu próprio mundo, com prosperidade nos negócios e saúde para família.


Neste caso, a confissão positiva confirma os ensinamentos da Nova Era que declara que o homem é um deus, possuindo, portanto, a capacidade de criar a sua própria felicidade. Esse conceito foi amplamente refutado ou adotado por lideranças evangélicas em todo mundo. Hoje, esse movimento está confinado a pequenos redutos denominacionais, pois no Brasil, em particular, não é tão simples assim exercitar a “teologia do sucesso ilimitado”, e mesmo nos países desenvolvidos essa teoria tem-se desgastado.


Biblicamente, entendemos que Deus é totalmente distinto do homem (vice-versa), e que sua glória não é repartida. O ser humano é o mais sublime das criações de Deus, dotado de valores herdados de seu Criador, mas nunca absoluto em si mesmo “... que é o homem, para que te lembres dele? E o filho do homem para que o visites? Contudo, pouco abaixo de Deus o fizeste; de glórias e de honra o coroaste” (Sl 8.4-5). O apóstolo Paulo escreveu aos romanos sobre a independência e soberania de Deus da seguinte maneira: “15 ... Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. 16 Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.” (Rm 9:15-16 ), logo, não é o homem que determina nada para si baseado nos desejos de seu coração, mas o Senhor, que realizará todas as coisas de acordo com a sua vontade.


Confronto com as Sagradas Escrituras

Como vimos a PNL busca substituir padrões considerados de “insucesso” por novos padrões de “sucesso” alicerçados no homem. Em suas etapas de programação, falamos da deletação, quando as pessoas programam suas mentes para apagar conhecimentos adquiridos, eliminar experiências vividas e exterminar comportamentos sedimentados ao longo da vida. Uma verdadeira lavagem cerebral. Ou seja, um esvaziamento da alma do aluno.

O que a Bíblia fala sobre o perigo de uma casa vazia? (Lc 11.24-26)

“24 Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. 25 E, chegando, acha-a varrida e adornada. 26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro.” (Lc 11:24-26 )

Podemos afirmar que é possível uma pessoa, após passar por um programa como o PNL, sofrer forte possessão demoníaca e diversos tipos de perturbações metais e até físicas.

A questão da PNL da “deletação” e na “inclusão” de novos valores na mente da pessoa é feita dentro de um processo de assimilação dos seus princípios de resistência. Através da utilização do relaxamento e da visualização, tal pessoa é conduzida ao estado chamado Alfa. Neste estado, por meio de técnicas de relaxamento ou meditação, a pessoa perde o senso critico, retendo automaticamente todas as informações recebidas como verdadeiras, quer sejam boas ou más. A Bíblia fala que é o Espírito Santo quem deve convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Ou seja, o trabalhar de Deus é por convencimento, o Espírito Santo, através da palavra de Deus, irá persuadir, apresentar razões, mostrar fatos que possibilitem a pessoa confrontá-los com sua vida e, então, se arrepender. Conversão é literalmente mudar de comportamento.


Deus respeita a opinião do homem e leva-o a mudar de comportamento apresentando-lhe a verdade do evangelho. O homem, quando se decide por Cristo, o faz racionalmente no exercício da fé, e essa declaração é feita em pleno estado de consciência, na PNL qualquer decisão tomada pelo homem é conseqüência de uma lavagem cerebral, por meio da qual ele perde sua capacidade de pensar, de argumentar e de questionar. Lendo Isaias 1.18: “Vinde então, e argüi-me (questionar, interrogar), diz o SENHOR...” (explicação nossa), entendemos que o cristianismo é uma religião de consciência, razão e fé. Ninguém precisa entrar em transe para crer em Cristo.

A Bíblia nos fala ainda que devemos resistir ao diabo (Tg 4.7). Como então aceitaremos um posicionamento de mente no qual a nossa resistência é totalmente eliminada? “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;” (1Pe 5:8 ). Com tantas evidências de ocultismo e praticas de magia e feitiçaria presentes na PNL, como poderemos ficar desarmados, despreocupados e sem a lucidez necessária para discernir o que esta ocorrendo em nosso derredor? (Veja Hb 5.14).


Não podemos baixar nossa guarda e ficar a mercê do diabo. Antes, devemos nos revestir de toda armadura de Deus (Ef 6.10), através da palavra de Deus, porque o diabo, de maneira astuta, cria verdadeiras arapucas para o homem incauto. “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjos de luz”. (dois Co 11.14).

O engano do homem que se vê como seu próprio centro (Jr 17.9)


“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”.


Em sua inclusão de novos padrões, a PNL destaca a tese de que o homem deve seguir seu coração. Nos cursos, a pessoa em meditação consigo mesma busca dentro de si respostas para sua vida e planeja, ou melhor, programa seu futuro através das respostas encontradas em seu coração. Como podemos seguir o nosso coração se ele é mais enganoso do que todas as coisas? Segui-lo nos trará como conseqüência a destruição. Ainda em Mateus 15.19 podemos ler: “Porque do coração procedem os maus pensamentos”.

Mas, como cristãos, devemos nos preparar “... para que não sejamos vencidos por Satanás; 11 Porque não ignoramos os seus ardis.” (2Co 2:10-11)

A questão do sucesso da PNL é semelhante a Teologia da prosperidade que circulou pelos meandros evangélicos há alguns anos. A questão da programação está baseada na regressão, ou cura interior, e a confissão positiva, no determinismo. Dessa forma, a fé tem sido usada na direção do “ter”, e não mais do “ser” ou “viver”, como foi com os heróis da fé. A Bíblia relata que “... o justo viverá pela fé” (Hb 10.38). Enquanto os propagadores da prosperidade estimulam a fé alicerçada na própria fé, o Senhor Jesus recomenda fé em Deus: “E Jesus, respondendo disse-lhes: Tendes fé em Deus...” (Mc 11.22). Para aqueles que tem um ensinamento contrário a esse, a Bíblia tem um adjetivo para eles: “Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas” (Jo 10.13 – grifo do autor).


Fonte: http://solascriptura-tt.org/Seitas/FarsaProgramacaoNeurolinguisticaCienciaSucesso-LCAparicio.htm. Texto de Luiz Carlos Aparício.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Pode um crente fiel ficar doente?


Creio em milagres. Creio que Deus cura hoje em resposta às orações de seu povo. Durante meu ministério pastoral, tenho orado por pessoas doentes que ficaram boas. Contudo, apesar de todas as orações, pedidos e súplicas que os crentes fazem a Deus quando ficam doentes, é um fato inegável que muitos continuam doentes e eventualmente, chegam a morrer acometidos de doenças e males terminais.

Uma breve consulta feita à Capelania Hospitalar de grandes hospitais de algumas capitais do nosso país revela que há números elevados de evangélicos hospitalizados por todos os tipos de doença que acometem as pessoas em geral. A proporção de evangélicos nos hospitais acompanha a proporção de evangélicos no país. As doenças não fazem distinção religiosa.
Para muitos evangélicos, os crentes só adoecem e não são curados porque lhes falta fé em Deus. Todavia, apesar do ensino popular que a fé nos cura de todas as enfermidades, os hospitais e clínicas especializadas estão cheias de evangélicos de todas as denominações – tradicionais, pentecostais e neopentecostais –, sofrendo dos mais diversos tipos de males. Será que poderemos dizer que todos eles – sem exceção – estão ali porque pecaram contra Deus, ficaram vulneráveis aos demônios e não têm fé suficiente para conseguir a cura?
É nesse ponto que muitos evangélicos que adoeceram, ou que têm parentes e amigos evangélicos que adoeceram, entram numa crise de fé. Muitos, decepcionados com a sua falta de melhora, ou com a morte de outros crentes fiéis, passam a não crer mais em nada e abandonam as suas igrejas e o próprio Evangelho. Outros permanecem, mas marcados pela dúvida e incerteza. Eu gostaria de mostrar nesse post, todavia, que mesmo homens de fé podem ficar doentes, conforme a Bíblia e a História nos ensinam.

1. Há diversos exemplos na Bíblia de homens de fé que adoeceram. Ao lermos a Bíblia como um todo, verificamos que homens de Deus, cheios de fé, ficaram doentes e até morreram dessas enfermidades. Um deles foi o próprio profeta Eliseu. A Bíblia diz que ele padeceu de uma enfermidade que finalmente o levou a morte: “Estando Eliseu padecendo da enfermidade de que havia de morrer” (2Re 13.14). Outro, foi Timóteo. Paulo recomendou-lhe um remédio caseiro por causa de problemas estomacais e enfermidades freqüentes: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1Tm 5.23).

Ao final do seu ministério, Paulo registra a doença de um amigo que ele mesmo não conseguiu curar: “Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2Tm 4.20).

O próprio Paulo padecia do que chamou de “espinho na carne”. Apesar de suas orações e súplicas, Deus não o atendeu, e o apóstolo continuou a padecer desse mal (2Co 12.7-9). Alguns acham que se tratava da mesma enfermidade da qual Paulo padeceu quanto esteve entre os Gálatas: “a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto” (Gl 4.14). Alguns acham que era uma doença nos olhos, pois logo em seguida Paulo diz: “dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar” (Gl 4.15). Também podemos mencionar Epafrodito, que ficou gravemente doente quando visitou o apóstolo Paulo: “[Epafrodito] estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2.26-27).

Temos ainda o caso de Jó, que mesmo sendo justo, fiel e temente a Deus, foi afligido durante vários meses por uma enfermidade, que a Bíblia descreve como sendo infligida por Satanás com permissão de Deus: “Então, saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. Jó, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se” (Jó 2.7-8). O grande servo de Deus, Isaque, sofria da vista quando envelheceu, a ponto de não saber distinguir entre Jacó e Esaú: “Tendo-se envelhecido Isaque e já não podendo ver, porque os olhos se lhe enfraqueciam” (Gn 27.1). Esses e outros exemplos poderiam ser citados para mostrar que homens de Deus, fiéis e santos, foram vitimados por doenças e enfermidades.

2. O mesmo ocorre na História da Igreja. Nem mesmo cristãos de destaque na história da Igreja escaparam das doenças e dos males. João Calvino era um homem acometido com freqüência de várias enfermidades. Mesmo aqueles que passaram a vida toda defendendo a cura pela fé também sofreram com as doenças. Alguns dos mais famosos acabaram morrendo de doenças e enfermidades. Um deles foi Edward Irving, chamado o pai do movimento carismático. Pregador brilhante, Irving acreditava que Deus estava restaurando na terra os dons apostólicos, inclusive o da cura divina. Ainda jovem, contraiu uma doença fatal. Morreu doente, sozinho, frustrado e decepcionado com Deus.

Um outro caso conhecido é o de Adoniran Gordon, um dos principais líderes do movimento de cura pela fé do século passado. Gordon morreu de bronquite, apesar da sua fé e da fé de seus amigos. A. B. Simpson, outro líder do movimento da cura pela fé, morreu de paralisia e arteriosclerose. Mais recentemente, morreu John Wimber, vitimado por um câncer de garganta. Wimber foi o fundador da igreja Vineyard Fellowship (“A Comunhão da Vinha ou Videira”) e do movimento moderno de “sinais e prodígios”. Ele, à semelhança de Gordon e Simpson, acreditava que pela fé em Cristo, o crente jamais ficaria doente. Líderes do movimento de cura pela fé no Brasil também têm ficado doentes. Não poucos deles usam óculos, para corrigir defeitos na vista e até têm defeito físico nas mãos.

O meu ponto aqui é que cristãos verdadeiros, pessoas de fé, eventualmente adoeceram e morreram de enfermidades, conforme a Bíblia e a História claramente demonstram. O significado disso é múltiplo, desde o conceito de que as doenças nem sempre representam falta de fé até o fato de que Deus se reserva o direito soberano de curar quem ele quiser.
(Texto do Rev. Augustus Nicodemus Lopes)