sábado, 31 de março de 2012

Falsidade, Hipocrisia e Mentira - Viva 1 de abril!



A mentira é outro dos pecados mais generalizados de nossa sociedade, a tal ponto que a consciência de muitos cristãos têm se tornado insensível e debilitada com relação ao pecado da mentira. Existem muitas pessoas crentes que crêem "que não se pode viver sem uma mentirinha".

A mentira é covardia para não enfrentar a realidade. O homem se justifica ao mentir; considera que as mentiras são "piedosas" ou "por necessidade" ou ainda para evitar problemas maiores. São justificativas ilusórias e sem fundamentos, pois a falsidade e mentira são imorais e contrárias à conduta que Deus requer do homem.

Que é a Mentira?

Mentira: É uma manifestação contrária à verdade, cuja essência é o engano, e cuja gravidade se mede segundo o egoísmo ou a maldade que encerra. Está proibida pelo decálogo (10 mandamentos) divino (Ex 20:16), e um dos efeitos da conversão ao cristianismo é deixar de mentir (Ef 4:25).

A mentira direta, como a de Ananias e Safira (At 5:4), não é a única forma de mentira. Em algumas ocasiões se trata de meias verdades (que é uma "mentira inteira"), como Abraão disse de sua esposa Sara a Abimeleque: "É minha irmã." (Gn 20:2,12). O propósito é sempre enganar.

Pode ser também uma resposta evasiva, como a que Caim disse a Deus (Gn 4:9); um silêncio como o de Judas quando o Senhor o acusou indiretamente na última ceia (Jo 13:21-30), ou toda uma vida enganosa. "Se dissermos que mantemos comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade" (I Jo 1:6).

A mentira não é um "pecadinho", isto não existe: Os mentirosos irão para o lago de fogo (Ap 21:8).

Hipocrisia: Pretensão ou fingimento de ser o que não é. Hipócrita é uma transcrição do vocábulo grego "hypochrités", que significa ator ou protagonista no teatro grego. Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam.

É daí que o termo hipócrita chegou a designar a pessoa que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência.

Deus proíbe e condena a mentira e a falsidade

- Não devemos enganar, mentir, nem jurar falsamente (Lv 19:11,12); Mt 5:33-37)
- Deus destruirá o mentiroso (Sl 5:6)
- Deus aborrece a mentira (Pv 6:16-19; 12:22)
- Pesos e medidas falsas são abominação ao Senhor (Pv 20:10)
- As mentiras corrompem o homem (Mt 15:18-20; Mc 7:21-23)
- Manifesta a relação filial entre o homem e Satanás (Jo 8:43-47)
- O engano é parte integral da profunda degradação do homem (Rm 1:28-32; sl 58:3; 62:4; Pv 26:24-28; Jr 9:3-6)
- Devemos rejeitar a mentira (Ef 4:22-25; Cl 3:9; I Pe 2:1)
- O engano faz a vida infeliz, mas Deus promete bênçãos e dias bons aos homem que fala a verdade (I Pe 3:10; Sl 34:12,13)
- Deus condena a hipocrisia (Mt 6:2, 16-18; 15:6-8; 22:18; 23:27-28; Rm 12:9; I Tm 1:5-6; Tt 1:16; Tg 3:14; I Pe 1:22; 2:1-2)
- Deus rejeita a religiosidade (Tg 1:26)

Cristo é o nosso exemplo de verdade

- Não houve engano na Sua boca (Is 53:9; I Pe 2:21,22)
- Veio ao mundo para ser testemunha da verdade (Jo 18:37)
- Estamos "no verdadeiro" (I Jo 5:20)

Cristo, o Senhor, nos ordena a ser absolutamente verazes; "seja a tua palavra sim, sim e não, não" (Mt 5:37). Está preparando para si uma igreja sem mancha e sem ruga ( Ef 5:27), e como discípulos seus e parte do seu corpo, devemos ser absolutamente verazes, francos, sinceros, honestos, honrados; ainda quando tenhamos de sofrer por Sua vontade (1Pe 4:15-19; 3:17; Pv 19:22).

O povo de Deus aborrece a mentira (Sl 119:104, 128,163; Pv 30:8) e rejeita os que a praticam (Sl 40:4; 101:7; 144:11; Ef 5:11), orando para ser guardado da mentira (Sl 119:29; Pv 13:5).

O dano que faz a mentira e o engano

A mentira anestesia a consciência do mentiroso; torna-o insensível à verdade; a verdade não penetra para uma transformação. A mentira vicia com mais facilidade, já que uma mentira conduz a outra.

A falsidade e a mentira são muito prejudiciais ao relacionamento entre os discípulos de Cristo. Cria a desconfiança, o receio, a incredulidade, a suspeita. Destrói o ambiente de fé, de amor, de compreensão e estimula o ciúme. O senhor nos ordena a rejeitar a mentira em todas as suas formas: falso testemunho, engano, hipocrisia, fingimento, exagero, calúnia, desonestidade, não cumprir os tratos injustificadamente, fraude, falsificação em todas as áreas de nossa vida: lar, trabalho, comércio, igreja, autoridades, colégio, amizades, etc.

A sociedade assentada sobre a mentira e a falsidade está destinada a desmoronar. É preciso edificar uma estrutura moral de veracidade em todas as ordens e escalas da vida: nos governantes e nos governados, nos pais e nos filhos, nos patrões e empregados, nos mestres e nos alunos, nos comerciantes, nos profissionais, nos clientes.

Como se libertar e corrigir-se

Arrepender-se: mudar de atitude e de mentalidade em relação à mentira e à falsidade. Rejeitar a mentira, eliminá-la da vida. Determinar obedecer a Deus em tudo e viver sempre na verdade. Disciplinar-se até cultivar uma nova atitude baseada na veracidade.

Confessar o pecado: (Pv 28:13-14; 1 Jo 1:9; 2:1) toda a mentira é pecado e deve ser completamente confessada, esclarecendo-se a verdade com Deus e com a pessoa enganada. Quando a mentira constitui um vício arraigado à maneira de viver, deve ser confessada a um irmão maduro, responsável, procurando uma ampla orientação (Tg 5:16).

Exortação: (Tg 5:19-20: Gl 6:1-2; Ef4:25) como este pecado afeta as relações entre os irmãos, somos responsáveis uns diante dos outros para corrigir, admoestar, ensinar, etc.

Fonte: http://www.soucristao.com.br/component/content/article/44-crescimento/2182-a-falsidade-e-a-mentira

quarta-feira, 28 de março de 2012

"É possível acreditar em Deus usando a razão", afirma William Lane Craig



O filósofo e teólogo defende o cristianismo, a ressurreição de Jesus e a veracidade da Bíblia a partir de construção lógica e racional, e se destaca em debates com pensadores ateus.

Quando o escritor britânico Christopher Hitchens, um dos maiores defensores do ateísmo, travou um longo debate nos Estados Unidos, em abril de 2009, com o filósofo e teólogo William Lane Craig sobre a existência de Deus, seus colegas ateus ficaram tensos. Momentos antes de subir ao palco, Hitchens — que morreu em dezembro de 2011. aos 62 anos — falou a jornalistas sobre a expectativa de enfrentar Craig.

"Posso dizer que meus colegas ateus o levam bem a sério", disse. "Ele é considerado um adversário muito duro, rigoroso, culto e formidável", continuou. "Normalmente as pessoas não me dizem 'boa sorte' ou 'não nos decepcione' antes de um debate — mas hoje, é o tipo de coisa que estão me dizendo". Difícil saber se houve um vencedor do debate. O certo é que Craig se destaca pela elegância com que apresenta seus argumentos, mesmo quando submetido ao fogo cerrado.

O teólogo evangélico é considerado um dos maiores defensores da doutrina cristã na atualidade. Craig, que vive em Atlanta (EUA) com a esposa, sustenta que a existência de Deus e a ressurreição de Jesus, por exemplo, não são apenas questões de fé, mas passíveis de prova lógica e racional. Em seu currículo de debates estão o famoso químico e autor britânico Peter Atkins e o neurocientista americano Sam Harris. Basta uma rápida procura no Youtube para encontrar uma vastidão de debates travados entre Craig e diversos estudiosos. Richard Dawkins, um dos maiores críticos do teísmo, ainda se recusa a discutir com Craig sobre a existência de Deus.

Em artigo publicado no jornal inglês The Guardian, Dawkins afirma que Craig faz apologia ao genocídio, por defender passagens da Bíblia que justificam a morte de homens, mulheres e crianças por meio de ordens divinas. "Vocês apertariam a mão de um homem que escreve esse tipo de coisa? Vocês compartilhariam o mesmo palco que ele? Eu não, eu me recuso", escreveu. Na entrevista abaixo, Craig fala sobre o assunto.

Autor de diversos livros — entre eles Em Guarda – Defenda a fé cristã com razão e precisão (Ed. Vida Nova), lançado no fim de 2011 no Brasil, — Craig é doutor em filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia pela Universidade de Munique, Alemanha. O filósofo esteve no Brasil para o 8º Congresso de Teologia da Editora Vida Nova, em Águas de Lindóia, entre 13 e 16 de março. Durante o simpósio, Craig deu palestras e dedicou a última apresentação a atacar, ponto a ponto, os argumentos de Richard Dawkins sobre a inexistência de Deus.

Por que deveríamos acreditar em Deus?

Porque os argumentos e evidências que apontam para a Sua existência são mais plausíveis do que aqueles que apontam para a negação. Vários argumentos dão força à ideia de que Deus existe. Ele é a melhor explicação para a existência de tudo a partir de um momento no passado finito, e também a para o ajuste preciso do universo, levando ao surgimento de vida inteligente. Deus também é a melhor explicação para a existência de deveres e valores morais objetivos no mundo. Com isso, quero dizer valores e deveres que existem independentemente da opinião humana.

Se Deus é bondade e justiça, por que ele não criou um universo perfeito onde todas as pessoas vivem felizes?

Acho que esse é o desejo de Deus. É o que a Bíblia ensina. O fato de que o desejo de Deus não é realizado implica que os seres humanos possuem livre-arbítrio. Não concordo com os teólogos que dizem que Deus determina quem é salvo ou não. Parece-me que os próprios humanos determinam isso. A única razão pela qual algumas pessoas não são salvas é porque elas próprias rejeitam livremente a vontade de Deus de salvá-las.

Alguns cientistas argumentam que o livre-arbítrio não existe. Se esse for o caso, as pessoas poderiam ser julgadas por Deus?

Não, elas não poderiam. Acredito que esses autores estão errados. É difícil entender como a concepção do determinismo pode ser racional. Se acreditarmos que tudo é determinado, então até a crença no determinismo foi determinada. Nesse contexto, não se chega a essa conclusão por reflexão racional. Ela seria tão natural e inevitável como um dente que nasce ou uma árvore que dá galhos. Penso que o determinismo, racionalmente, não passa de absurdo. Não é possível acreditar racionalmente nele. Portanto, a atitude racional é negá-lo e acreditar que existe o livre-arbítrio.

O senhor defende em seu site uma passagem do Velho Testamento em que Deus ordena a destruição da cidade de Canaã, inclusive autorizando o genocídio, argumentando que os inocentes mortos nesse massacre seriam salvos pela graça divina. Esse não é um argumento perigosamente próximo daqueles usados por terroristas motivados pela religião?

A teoria ética desses terroristas não está errada. Isso, contudo, não quer dizer que eles estão certos. O problema é a crença deles no deus errado. O verdadeiro Deus não ordena atos terroristas e, portanto, eles estariam cometendo uma atrocidade moral. Quero dizer que se Deus decide tirar a vida de uma pessoa inocente, especialmente uma criança, a Sua graça se estende a ela.

Se o terrorista é cristão o ato terrorista motivado pela religião é justificável, por ele acreditar no Deus ‘certo’?

Não é suficiente acreditar no deus certo. É preciso garantir que os comandos divinos estão sendo corretamente interpretados. Não acho que Deus dê esse tipo de comando hoje em dia. Os casos do Velho Testamento, como a conquista de Canaã, não representam a vontade normal de Deus.

O sr. está querendo dizer que Deus também está sujeito a variações de humor? Não é plausível esperar que pelo menos Ele seja consistente?

Penso que Deus pode fazer exceções aos comandos morais que dá. O principal exemplo no Velho Testamento é a ordem que ele dá a Abraão para sacrificar seu filho Isaque. Se Abraão tivesse feito isso por iniciativa própria, isso seria uma abominação. O deus do Velho Testamento condena o sacrifício infantil. Essa foi uma das razões que o levou a ordenar a destruição das nações pagãs ao redor de Israel. Elas estavam sacrificando crianças aos seus deuses. E, no entanto, Deus dá essa ordem extraordinária a Abraão: sacrificar o próprio filho Isaque. Isso serviu para verificar a obediência e fé dele. Mas isso é a exceção que prova a regra. Não é a forma normal com que Deus conduz os assuntos humanos. Mas porque Deus é Deus, Ele tem a possibilidade de abrir exceções em alguns casos extremos, como esse.

O sr. disse que não é suficiente ter o deus certo, é preciso fazer a interpretação correta dos comandos divinos. Como garantir que a sua interpretação é objetivamente correta?

As coisas que digo são baseadas no que Deus nos deu a conhecer sobre si mesmo e em preceitos registrados na Bíblia, que é a palavra d’Ele. Refiro-me a determinações sobre a vida humana, como “não matarás”. Deus condena o sacrifício de crianças, Seu desejo é que amemos uns ao outros. Essa é a Sua moral geral. Seria apenas em casos excepcionalmente extremos, como o de Abraão e Isaque, que Deus mudaria isso. Se eu achar que Deus me comandou a fazer algo que é contra o Seu desejo moral geral, revelado na escritura, o mais provável é que eu tenha entendido errado. Temos a revelação do desejo moral de Deus e é assim que devemos nos comportar.

O sr. deposita grande parte da sua argumentação no conteúdo da Bíblia. Contudo, ela foi escrita por homens em um período restrito, em uma área restrita do mundo, em uma língua restrita, para um grupo específico de pessoas. Que evidência se tem de que a Bíblia é a palavra de um ser sobrenatural?

A razão pela qual acreditamos na Bíblia e sua validade é porque acreditamos em Cristo. Ele considerava as escrituras hebraicas como a palavra de Deus. Seus ensinamentos são extensões do que é ensinado no Velho Testamento. Os ensinamentos de Jesus são direcionados à era da Igreja, que o sucederia. A questão, então, se torna a seguinte: temos boas razões para acreditar em Jesus? Ele é quem ele diz ser, a revelação de Deus? Acredito que sim. A ressurreição dos mortos, por exemplo, mostra que ele era quem afirmava.

Existem provas que confirmem a ressurreição de Jesus?

Temos boas bases históricas. A palavra ‘prova’ pode ser enganosa porque muitos a associam com matemática. Certamente, não temos prova matemática de qualquer coisa que tenha acontecido na história do homem. Não temos provas, nesse sentido, de que Júlio César foi assassinado no senado romano, por exemplo, mas temos boas bases históricas para isso. Meu argumento é que se você considera os documentos do Novo Testamento como fontes da história antiga, — como os historiadores gregos Tácito, Heródoto ou Tucídides — o evangelho aparece como uma fonte histórica muito confiável para a vida de Jesus de Nazaré. A maioria dos historiadores do Novo Testamento concorda com os fatos fundamentais que balizam a inferência sobre a ressurreição de Cristo. Coisas como a sua execução sob autoridade romana, a descoberta das tumbas vazias por um grupo de mulheres no domingo depois da crucificação e o relato de vários indivíduos e grupos sobre os aparecimentos de Jesus vivo após sua execução. Com isso, nos resta a seguinte pergunta: qual é a melhor explicação para essa sequência de acontecimentos? Penso que a melhor explicação é aquela que os discípulos originais deram — Deus fez Jesus renascer dos mortos. Não podemos falar de uma prova, mas podemos levantar boas bases históricas para dizer que a ressurreição é a melhor explicação para os fatos. E como temos boas razões para acreditar que Cristo era quem dizia ser, portanto temos boas razões para acreditar que seus ensinamentos eram verdade. Sendo assim, podemos ver que a Bíblia não foi criação contingente de um tempo, de um lugar e de certas pessoas, mas é a palavra de Deus para a humanidade.

O textos da Bíblia passaram por diversas revisões ao longo do tempo. Como podemos ter certeza de que as informações às quais temos acesso hoje são as mesmas escritas há 2.000 anos? Além disso, como lidar com o fato de que informações podem ser perdidas durante a tradução?

Você tem razão quanto a variedade de revisões e traduções. Por isso, é imperativo voltar às línguas originais nas quais esses textos foram escritos. Hoje, os críticos textuais comparam diferentes manuscritos antigos de modo a reconstruir o que os originais diziam. O Novo Testamento é o livro mais atestado da história antiga, seja em termos de manuscritos encontrados ou em termos de quão próximos eles estão da data original de escrita. Os textos já foram reconstruídos com 99% de precisão em relação aos originais. As incertezas que restam são trivialidades. Por exemplo, na Primeira Epístola de João, ele diz: “Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra”. Mas alguns manuscritos dizem: “Estas coisas vos escrevemos, para que o nosso gozo se cumpra”. Não temos certeza se o texto original diz ‘vosso’ ou ‘nosso’. Isso ilustra como esse 1% de incerteza é trivial. Alguém que realmente queira entender os textos deverá aprender grego, a língua original em que o Novo Testamento foi escrito. Contudo, as pessoas também podem comprar diferentes traduções e compará-las para perceber como o texto se comporta em diferentes versões.

É possível explicar a existência de Deus apenas com a razão? Qual o papel da ciência na explicação das causas do universo?

A razão é muito mais ampla do que a ciência. A ciência é uma exploração do mundo físico e natural. A razão, por outro lado, inclui elementos como a lógica, a matemática, a metafísica, a ética, a psicologia e assim por diante. Parte da cegueira de cientistas naturalistas, como Richard Dawkins, é que eles são culpados de algo chamado ‘cientismo’. Como se a ciência fosse a única fonte da verdade. Não acho que podemos explicar Deus em sua plenitude, mas a razão é suficiente para justificar a conclusão de que um criador transcendente do universo existe e é a fonte absoluta de bondade moral.

Por que o cristianismo deveria ser mais importante do que outras religiões que ensinam as mesmas questões fundamentais, como o amor e a caridade?

As pessoas não entendem o que é o cristianismo. É por isso que alguns ficam tão ofendidos quando se prega que Jesus é a única forma de salvação. Elas pensam que ser cristão é seguir os ensinamentos éticos de Jesus, como amar ao próximo como a si mesmo. É claro que não é preciso acreditar em Jesus para se fazer isso. Isso não é o cristianismo. O evangelho diz que somos moralmente culpados perante Deus. Espiritualmente, somos separados d’Ele. É por isso que precisamos experimentar Seu perdão e graça. Para isso, é preciso ter um substituto que pague a pena dos nossos pecados. Jesus ofereceu a própria vida como sacrifício por nós. Ao aceitar o que ele fez em nosso nome, podemos ter o perdão de Deus e a limpeza moral. A partir disso, nossa relação com Deus pode ser restaurada. Isso evidencia por que acreditar em Cristo é tão importante. Repudiá-lo é rejeitar a graça de Deus e permanecer espiritualmente separado d’Ele. Se você morre nessa condição você ficará eternamente separado de Deus. Outras religiões não ensinam a mesma coisa.

A crença em Deus é necessária para trazer qualidade de vida e felicidade?

Penso que a crença em Deus ajuda, mas não é necessária. Ela pode lhe dar uma fundação para valores morais, propósito de vida e esperança para o futuro. Contudo, se você quiser viver inconsistentemente, é possível ser um ateu feliz, contanto que não se pense nas implicações do ateísmo. Em última análise, o ateísmo prega que não existem valores morais objetivos, que tudo é uma ilusão, que não há propósito e significado para a vida e que somos um subproduto do acaso.

Por que importa se acreditamos no deus do cristianismo ou na ‘mãe natureza’ se na prática as pessoas podem seguir, fundamentalmente, os mesmos ensinamentos?

Deveríamos acreditar em uma mentira se isso for bom para a sociedade? As pessoas devem acreditar em uma falsa teoria, só por causa dos benefícios sociais? Eu acho que não. Isso seria uma alucinação. Algumas pessoas passam a acreditar na religião por esse motivo. Já que a religião traz benefícios para a sociedade, mesmo que o indivíduo pense que ela não passa de um ‘conto de fadas’, ele passa a acreditar. Digo que não. Se você acha que a religião é um conto de fadas, não acredite. Mas se o cristianismo é a verdade — como penso que é — temos que acreditar nele independente das consequências. É o que as pessoas racionais fazem, elas acreditam na verdade. A via contrária é o pragmatismo. “Isso Funciona?", perguntam elas. "Não importa se é verdade, quero saber se funciona”. Não estou preocupado se na Suécia alguns são felizes sem acreditar em Deus ou se há alguma vantagem em acreditar n’Ele. Como filósofo, estou interessado no que é verdade e me parece que a existência desse ser transcendente que criou e projetou o universo, fonte dos valores morais, é a verdade.

Fonte: Marco Túlio Pires. Revista Veja. Abril de 2012.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O diácono é um porteiro? (Por Jean Douglas Gonçalves)



Certa vez, um homem procurou o pastor. Era um recém-convertido. Feliz e conquistado pelo amor e graça de Deus, desejava sinceramente realizar algum trabalho na congregação. Conhecia pouco da Bíblia, dos dons e serviços no corpo de Cristo e da estrutura da igreja local. Enquanto o pastor procurava orientá-lo, sem que este perdesse o entusiasmo em trabalhar pela causa, o homem sugeriu:

- Pastor, eu quero mesmo é trabalhar. Qualquer coisa serve. Pode ser como porteiro mesmo, daqueles que todo o domingo entrega o jornalzinho e cumprimentam os irmãos quando chegam para o culto.

O porteiro que o homem encontrava todos os domingos era, na verdade, um diácono (e o jornalzinho, um modesto boletim informativo). A diaconia não é um serviço qualquer. Nem é um serviço menos honroso que o presbiterato. Não é ser um porteiro (sem demérito algum ao porteiro) que, sorridentemente, recebe as pessoas que adentram ao templo e lhe entregam um boletim. A diaconia não é um serviço dominical.

Se o diácono não é um porteiro, quem é ele?

É um cristão. É um nascido de novo. Alguém que se converteu a Cristo. É um crente. Alguém que vive de acordo com as Escrituras e se submete à sua autoridade como Palavra de Deus. Que testemunha com a vida e, se necessário, com palavras a fé em Cristo. Comprometido com a causa, sustenta-a moral e financeiramente. Participante, não sazonal, da vida de sua igreja, é submisso às suas autoridades. É um servo de Deus em serviço às pessoas. É um vocacionado (1Pd 4.10-11). Se o diácono não é um porteiro, quem é ele? Segundo Atos 6.3, são pessoas “de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria...”.

Se o diácono não é um porteiro, o que ele faz?

Com alegria, zela para que o templo e suas dependências tenham ordem para o culto e cuida para que reverentemente tenhamos momentos de verdadeira adoração. Preocupa-se com o culto, pois sabe que aquele momento glorifica a Deus e edifica a igreja. Serve como um guardião das portas da adoração!

Com misericórdia, visita enfermos e abandonados. Não se recusa a tocar o doente, nem a abraçar o maltrapilho. É o consolo na dor da enfermidade e a companhia na tristeza da solidão. Serve como um anjo de Deus nas horas da angústia!

Com amor, assiste aos órfãos, viúvas, idosos e necessitados. Dá atenção a quem dela precisa. Não se esquece daqueles que são lembrados por Deus. Esforça-se para ser o sustento daquele que perdeu o apoio. Serve como um pastor que carrega ovelhas nos ombros!

Com visão missionária, estabelece programas sociais. Funda escolas, hospitais, creches, lares que acolham idosos e crianças em situação de abandono, casas de recuperação para dependentes químicos ou, simplesmente, com a mesma dedicação e carinho, prepara uma cesta básica para a família faminta. Serve como um ativista social do Reino de Deus!

Com humildade, desempenha outras funções que lhe são atribuídas pelo Conselho. O diácono não tem crise de identidade nem de auto-estima. Não se sente menor quando o Conselho lhe sugere outras atribuições eventuais, que auxiliem o bom andamento da causa de Cristo. Serve “não como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus...” (Ef 6.6)!

O primeiro mártir da fé cristã foi um diácono. Estevão era um “homem cheio de fé e do Espírito Santo (...) cheio de graça e poder” (At 6. 5, 8). Saulo, quando Estevão foi apedrejado, “consentia na sua morte” (At 8.1). Talvez, foi pensando em Estevão, que Paulo instruiu a Timóteo quanto às qualificações dos diáconos e disse: “Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus” (1Tm 3.13).

Fonte: http://www.pendaoreal.com.br/html/noti_boas.php?cod=52

quarta-feira, 14 de março de 2012

O valor das pequenas coisas



É de causar admiração como a Bíblia enfatiza com tanta precisão e como ela dá importância às coisas pequenas. Davi venceu o gigante Golias com uma pequena pedra, Sansão matou mil filisteus com uma queixada de jumento, Esaú vendeu o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas, Jesus nasceu numa pequena aldeia de Belém, as pequenas raposas são responsáveis pela destruição de uma videira, Jesus disse que a fé como um grão de mostarda cuja semente é muito miúda pode remover montanhas. A grandeza não está no tamanho de algo, mas na potencialidade de algo.

Em Zacarias 4.10, o Senhor perguntou ao profeta: “Quem despreza o dia das coisas pequenas”? Esta passagem descreve que algumas pessoas consideravam a obra que estava sendo edificada sem importância, ou seja, insignificante. Desconsideravam estes que este trabalho era abençoado por Deus, tendo valor e importância eternos.

Davi, no Salmo 37.16 disse: “Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios”. Esta afirmação indica que a benção de Deus sobre o pouco produz contentamento e alegria, tornando a adversidade em paz devido à benção divina.

O texto bíblico de Gênesis 48.17-19, demonstra que mesmo sendo menor, a tribo de Efraim tornou-se maior em número, poder e dignidade. Donald C. Stamps, no comentário desta passagem na Bíblia de Estudo Pentecostal, mostra que em diversas ocasiões na história do Antigo Testamento, Deus escolheu o filho mais novo em vez do mais velho:

a) Gn 21.12 – Escolheu Isaque em vez de Ismael.
b) Gn 25.23 – Escolheu Jacó em vez de Esaú.
c) Gn 48.14-20 – Escolheu Efraim em vez de Manassés.
d) Gn 48.21,22; 49.3,4 – Escolheu José em vez de Rúben.
e) Jz 6.11-16 – Escolheu Gideão em vez dos irmãos dele.
f) 1Sm 16 – Escolheu Davi em vez dos irmãos dele.

Stamps afirma que “isto evidencia o fato de que ter primazia entre os seres humanos não significa ter primazia com Deus, pois Ele escolhe as pessoas à base da sinceridade, pureza e amor, e não da sua posição familiar”.

No evangelho segundo Mateus 20.25-28, Jesus definiu quem é considerado o maior no reino dos céus: “.. mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo, ou escravo bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos”.

Jesus estava ensinando que aos olhos humanos aqueles que exercem autoridade ou possuem domínio são considerados mais importantes, grandes ou maiorais. Ele ensinou que no seu reino a grandeza não é medida pelo domínio exercido sobre outrem, mas pelo serviço que um dedica ao outro.

No evangelho segundo Mateus 18.1-4, os discípulos indagaram Jesus, demonstrando que tinham interesse em saber quem ocupava uma posição de maior destaque no Reino de Deus. Jesus, chamando uma criança para perto de si, respondeu: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus”.

É preciso que nós, servos de Deus, nos esvaziemos de todo sentimento de presunção e de ambição pessoal para que possamos servir a Deus com integridade, pois nosso próprio Deus chegou a lavar os pés dos seus discípulos, mostrando explicitamente que veio para servir e não para ser servido.

Fonte: Quando os pequenos tornam-se gigantes: A ação de Deus nas pequenas coisas - Eliel Gaby