quarta-feira, 13 de abril de 2011

A imortalidade, por Russel Shedd



O inspirado apóstolo Paulo escreveu para a Igreja de Roma que Deus dará vida eterna para os que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade (Romanos 2:7). Entender bem o que esse trecho da Palavra de Deus ensina para, em seguida, praticá-lo é um desafio e tanto para aquele que toma a sério o que o texto diz.

A maioria dos evangélicos acredita que basta crer, ser batizado, freqüentar os cultos, fazer suas contribuições regulares aos cofres da sua igreja, para ser aceito por Deus. Esse texto de Romanos parece acrescentar algo mais. Uma vez que a “descoberta” da Reforma foi que a salvação se alcança unicamente pela fé, a declaração de Paulo parece contraditória. Para salvaguardar a integridade da verdade do Evangelho, quero oferecer algumas sugestões.

Primeiro, que a inclusão de fazer o bem faz parte integral da salvação de todos aqueles que abraçaram uma fé genuína. Fé viva, afirma Tiago, é demonstrada em obras, não apenas em palavras e boas intenções. Paulo acrescenta que as boas obras devem acompanhar a vida inteira do cristão fiel.

Segundo, o texto confirma que a esperança de receber a herança da vida eterna (imortalidade) é conseqüência de uma busca, mesmo depois de ter crido sinceramente nas verdades centrais do Evangelho e confiado no Senhor Jesus. “Buscar” significa mais do que apenas esperar. O autor de Hebreus colocou essa necessidade assim: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem a santidade, ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).

Terceiro, dá para se deduzir que a importância de buscar a glória e honra, que somente Deus pode conceder, reside no fato de que aquele que não busca não receberá esse grande galardão. Há perigo imensurável de imaginar que o Pai dará ao seu “filho”, descompromissado com qualquer valor do Reino, o mais precioso dos seus tesouros.

Não foi essa a lição que Jesus quis frisar em sua conhecida parábola dos servos e dos talentos? Os primeiros dois se esforçaram até dobrar o valor dos seus talentos, enquanto o servo mau e desobediente escondeu seu único talento no quintal. Quando o entregou ao dono, a reação foi imediata e contundente: “Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei... Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez... e lancem fora o servo inútil nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25:26-30 – NVI).

Uma vez convencidos de que a vida eterna pode ser recebida unicamente pela fé no Senhor Jesus, nos resta a tarefa de procurar o sentido de “buscar a glória e imortalidade”.

Pelo contexto imediato, concluímos que essa busca inclui a prática do bem, não apenas durante alguns dias em que estávamos motivados pelo primeiro amor, mas persistindo em fazer o bem durante toda a vida. A busca requer uma dedicação à vontade de Deus revelada na Bíblia. Paulo entendeu que seu apostolado se resumia no chamado de um povo dentre as nações “para a obediência que vem pela fé” (Romanos 1:5).

Alguém que se compromete com o serviço do seu Senhor deve saber o que este quer que ele faça. Paulo exorta os efésios a não serem insensatos, mas “procurar compreender qual é a vontade do Senhor” (Efésios 5:17). Esforçar-se para saber e praticar o que o mestre quer, sem dúvida, significa buscar a glória, isto é, sua aprovação. “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar...” (2 Timóteo 2:15 – NVI).

Quando Jesus declarou que ele edificaria sua igreja, não pensou em uma igreja que ajuntaria dois bilhões dos habitantes da terra que apenas se identificam verbalmente como “cristãos”, mas cujas vidas demonstram os mesmos valores e práticas daqueles que não professam qualquer lealdade ao Senhor Jesus.

O futuro do filho de Deus, salvo pela fé e guiado pelo seu Espírito, será muito melhor do que a imaginação humana pode contemplar. O futuro que aguarda aqueles que amam o Senhor de verdade e, por amor a ele, buscam sua vontade e sofrem para servi-lo, tem a garantia de uma recompensa de imortalidade repleta de honra e glória. Eles ouvirão as palavras de Jesus: “Bem feito, servo bom e fiel... entra tu no gozo do teu Senhor”!

Fonte: Revista Enfoque Cristão - Edição 86 - Outubro/2008

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